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Em três anos, 3.500 kg de cocaína foram apreendidos no aeroporto de Cumbica

Divulgação/Superintendência da Polícia Federal em São Paulo
Imagem: Divulgação/Superintendência da Polícia Federal em São Paulo

Léo Arcoverde

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/09/2015 01h00

Com 3.502 kg de cocaína apreendidos pela Polícia Federal entre 2012 e 2014, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), respondeu por 71% do total de apreensões dessa droga nos terminais aéreos de passageiros brasileiros nesse período.

Ao longo desses três anos, agentes da Polícia Federal apreenderam 4.917 kg de cocaína em um total de 21 aeroportos, situados em 18 cidades brasileiras. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, da PF, obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).

Os dados disponíveis são discriminados por cidade. Como a maioria delas possui apenas um aeroporto, é possível apontar onde a Polícia Federal tem interceptado a maior quantidade de “mulas” do tráfico internacional nos últimos anos.

O aeroporto de Brasília, no Distrito Federal, registrou, entre 2012 e o ano passado, a interceptação de 226 kg de cocaína (75 kg a cada ano, em média), e foi o segundo terminal com maior apreensão dessa droga em todo o país nesse período.

Já nos aeroportos do Rio de Janeiro, nesse período, os agentes da PF apreenderam 213 kg de cocaína. A capital fluminense possui três terminais aéreos de passageiros.

Das dez principais portas de saída da cocaína no Brasil por aviões, duas ficam em cada uma das regiões do país. (Confira no infográfico abaixo o ranking das dez cidades com maiores apreensões de cocaína).

Cocaína é droga mais apreendida nos aeroportos brasileiros

Os 558 kg de maconha que a PF apreendeu, entre 2012 e 2014, nos terminais aéreos do país representam 11% da quantidade de cocaína interceptada, nesses locais, no mesmo período.

A Polícia Federal só dispõe de dados anuais completos sobre as apreensões de drogas nos aeroportos brasileiros ocorridas de 2012 para cá. A exceção são as informações relativas ao aeroporto de Guarulhos, que compreendem o período entre 2005 e 2014.

A cada ano, 386 ‘mulas’ são presas nos aeroportos

A Polícia Federal prendeu 1.151 suspeitos de tráfico de entorpecentes nos aeroportos brasileiros entre 2012 e 2014. Esse número representa uma média de 386 prisões a cada ano.

O maior número de prisões, nesse período, se deu em 2012. Foram 475.

Campo Grande concentra 65% das apreensões de maconha

O aeroporto de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, registrou, entre 2012 e 2014, a apreensão de 558 kg de maconha (186 kg a cada ano, em média).

O Mato Grosso do Sul abriga uma extensa região de fronteira do Brasil com o Paraguai e com a Bolívia, de onde vem parte da droga consumida no Brasil ou que passa pelo país antes de chegar a outros continentes, principalmente a Europa.

Cumbica responde por metade das apreensões de ecstasy

Entre 2012 e 2014, agentes da PF apreenderam 405.014 comprimidos de ecstasy no aeroporto de Guarulhos. Esse número representa 56% dos 728.343 dos comprimidos dessa droga interceptados nos aeroportos brasileiros nesse período.

Terminais aéreos de passageiros de quatro cidades brasileiras contabilizaram apreensões de ecstasy nos últimos anos: Guarulhos, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.

Em Cumbica, entre 2006 e o ano passado, mais de 1 milhão de comprimidos de ecstasy foram apreendidos. Isso equivale a uma apreensão média de 112.579 comprimidos dessa droga a cada ano.

Não houve apreensões dessa droga em 2005 no terminal de Guarulhos.

“Mula é o traficante desesperado”, diz especialista

Na avaliação do ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, só “traficantes desesperados” aceitam a tarefa de transportar droga escondida na bagagem ou na roupa.

“O sujeito tem de estar muito encrencado, com dívida para pagar ou algo parecido, para aceitar entrar com droga em um aeroporto, onde o risco de ser preso é muito alto”, explica Silva Filho.

De acordo com ele, a maior parte da cocaína e da maconha interceptadas nos aeroportos do país é procedente de três países vizinhos: Colômbia, Peru e Bolívia.

Trabalho se concentra nos países produtores, afirma PF

A Polícia Federal disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que “a maior frente de trabalho da corporação” em relação ao tráfico internacional de entorpecentes tem por objetivo “as drogas nos países produtores, em conjunto com as autoridades locais competentes”.

A PF informou que “tem colaborado com o trabalho de inteligência realizado em territórios estrangeiros”. “Com isso, diminui-se a quantidade de drogas apreendidas no Brasil. Além disso, a Polícia Federal diz atuar em outra importante frente, o trabalho de inteligência para combater e prender quadrilhas especializadas no tráfico de drogas.”