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Pesquisa: orgulho de ser carioca diminui, e moradores querem deixar o Rio

Do UOL, no Rio

29/09/2015 13h48

Desde 2013, o orgulho de ser carioca diminuiu, a vontade de deixar o Rio de Janeiro disparou e o pessimismo com o futuro da cidade aumentou. Em suma, a população está insatisfeita, segundo apontam os resultados da Pesquisa de Percepção 2015 da ONG Rio Como Vamos.

A quinta edição do levantamento, divulgada nesta terça-feira (29), apresentou os índices mais negativos desde a primeira avaliação, de 2008, em alguns quesitos pesquisados, como nos já citados e na percepção de insegurança e de qualidade de vida. Os únicos indicadores que apresentaram alguns pontos de melhora na avaliação foram saúde e educação.

Para realizar o trabalho, os pesquisadores do movimento entrevistaram 1.417 moradores do Rio com 16 anos ou mais durante 11 dias do mês de junho deste ano. Segundo o movimento, a margem de erro da pesquisa é de 2,6 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de segurança de 95%. A ONG informou que apresentou "o termômetro da satisfação popular" à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Mesmo antes dos arrastões que assustaram os cariocas em praias da zona sul no fim de semana de 20 de setembro, a ocorrência de roubos e furtos foi apontada com o maior problema da orla do Rio, sendo o item escolhido por 69% dos entrevistados. Em 2013 e 2011, este índice era de 16% e 21%, respectivamente. A sujeira da areia e a baixa qualidade da água do mar são o segundo e o terceiro problemas mais apontados no levantamento.

Mais da metade dos moradores (56%) que participaram do levantamento disseram que gostariam de sair do Rio, considerando a violência como o principal motivo para isso. O crescimento em relação às duas últimas pesquisas foi expressivo: 48% e 27%.

A segurança pública foi muito mal avaliada, com 71% das pessoas consultadas apontando uma piora no indicador na cidade. No total, 64% dos cariocas deram as notas mais baixas (1 a 4) na avaliação da questão. Em 2013, foram 49%. As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) também foram avaliadas. Para 41% dos entrevistados, o sistema é ruim. "Os moradores dos bairros com o sistema veem hoje mais efeitos negativos do que positivos, como o aumento de roubos e ameaças de bandidos", informou a ONG.

Os entrevistados foram convidados a dar notas de 1 a 10 para definir o sentimento de orgulho de ser carioca. As notas boas (de 7 a 10) somam 43% em 2015, contra 63% dois anos atrás. Já as ruins (de 1 a 4) representaram 31% do total --em 2013, eram 15%. Já o otimismo com relação ao futuro da cidade caiu de 68% e 47%, em 2011 e 2013, para 25%, neste ano.

O trânsito na capital fluminense foi avaliado negativamente por 71% dos cariocas entrevistados. Já a avaliação dos meios de transporte se manteve igual à de 2013, com 25% de notas positivas. Mais da metade dos usuários de carros particulares disseram que usariam transporte público se houvesse mais qualidade.

Saúde e educação melhores

A saúde pública do Rio de Janeiro também foi alvo dos questionamentos da pesquisa. As UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) as Clínicas da Família melhoraram para 33% dos entrevistados --eram 29% em 2013. Seis em cada dez pessoas consultadas disseram ter usado o sistema público no último ano, especialmente em situações de emergência, número se manteve estável em relação à última pesquisa. A avaliação negativa do atendimento médico, no entanto, aumentou: 30%, em 2013, contra 38%, este ano.

Na educação pública, o ensino médio teve um salto na avaliação positiva, de 34%, em 2013, para 44%, na pesquisa atual. As creches e pré-escolas também foram bem avaliadas, com 53% das notas positivas. O ensino fundamental, no entanto, apresentou queda em qualidade com relação à última pesquisa de percepção (47% contra 40%).

No geral, a qualidade da educação melhorou para 34% dos cariocas com crianças e jovens cursando o ensino público. Esta porcentagem é menor que a dos 46% que apontavam melhora em 2013.