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Ação contra lavagem de dinheiro apreende jet-skis e carros de luxo no RS

Além das apreensões, pelo menos 11 pessoas foram presas pela polícia - Divulgação/Polícia Civil do Rio Grande do Sul
Além das apreensões, pelo menos 11 pessoas foram presas pela polícia Imagem: Divulgação/Polícia Civil do Rio Grande do Sul

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

07/10/2015 11h56

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul apreendeu na manhã desta quarta-feira (7) cerca de R$ 5,5 milhões em bens da quadrilha do traficante Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, assassinado em janeiro deste ano por um grupo rival. Os bens oriundos da atividade criminosa incluem carros de luxo, jet-skis e vários imóveis –entre eles um apartamento em Florianópolis (SC) avaliado em R$ 1 milhão.

Além da lavagem de dinheiro em carros e imóveis, a quadrilha de Xandi, considerado um dos principais traficantes do Rio Grande do Sul, também investia na compra de táxis permissionados da frota de Porto Alegre. Pelo menos 12 táxis foram apreendidos na operação desta manhã, avaliados em R$ 3 milhões. A prefeitura anunciou que as licenças dos prefixos apreendidos já foram cassadas.

No primeiro balanço da operação Laranja Mecânica (em referência à cor dos táxis em Porto Alegre e também à utilização de empresas fantasmas), 11 pessoas haviam sido presas pela polícia. A investigação para atacar o poder financeiro da quadrilha se estendeu por sete meses.

A polícia identificou 12 empresas usadas pelos traficantes como fachada para encobrir negócios ilegais. Há suspeita de que o bando recebia assessoria de quadrilhas do Rio de Janeiro, já que o modelo de operação –incluindo até os nomes das empresas fraudulentas– seguia os mesmos parâmetros do tráfico carioca.  

Foram expedidos 15 mandados de prisão, 13 conduções coercitivas, 46 mandados de busca e apreensão e 19 ações de sequestro de bens. As buscas são sendo feitas em Canoas, Florianópolis, Porto Alegre, Santa Maria, Santo Antônio da Patrulha e Viamão. A operação contou com uma força policial de 370 agentes.

Segundo o delegado Emerson Wendt, chefe do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), a quadrilha movimentou R$ 18 milhões nos últimos cinco anos. “É uma das maiores quadrilhas do Estado, tanto pela organização quanto pelo faturamento. Neste momento, nossa estratégia é desarticular o bando por meio da descapitalização da atividade criminosa”, disse.

O delegado Márcio Moreno, responsável direto pela operação, informou que entre os presos está um irmão de Xandi e também a viúva do traficante, detida em um condomínio de luxo na cidade de Canoas, na região metropolitana, com R$ 19 mil em dinheiro a bordo de uma caminhonete blindada. Segundo Moreno, os dois sucederam Xandi na condução do negócio.

“A organização era meticulosa e lembrava muito as operações de lavagem de dinheiro feitas pelo mafioso Al Capone e também por Pablo Escobar. Seguramente, o bando tem conexões com quadrilhas de tráfico internacional”, afirmou.

Xandi comandava o tráfico na zona Leste de Porto Alegre e foi morto no dia 4 de janeiro deste ano por um tiro de fuzil na cabeça durante um ataque à casa de luxo que ele havia alugado para passar o verão em Tramandaí, no litoral norte do Estado. Quatro homens desceram de um carro em frente à casa, onde Xandi fazia um churrasco para seu bando, e dispararam dezenas de rajadas contra o grupo rival. A base do traficante era o Condomínio Princesa Isabel, loteamento que integra o programa Minha Casa Minha Vida na região central da cidade.

A investigação da polícia aponta que o assassinato de Xandi foi comandado pelo grupo do traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, que cumpria pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. O assassinato teria sido ordenado por ele de dentro da cadeia. Até agora, entretanto, nenhum suspeito do crime foi apontado. Teréu foi morto em maio, asfixiado por sacolas plásticas no refeitório do presídio. Nove presos e dois agentes penitenciários foram indiciados pela morte.