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Reclamações por falta de água crescem 42% em São Paulo

Este ano, foram 170 mil reclamações por falta de água na cidade de São Paulo - Pedro França/Agência Senado
Este ano, foram 170 mil reclamações por falta de água na cidade de São Paulo Imagem: Pedro França/Agência Senado

Léo Arcoverde

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/10/2015 01h00

O número de reclamações por falta de água na cidade de São Paulo feitas à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) aumentou 42% entre janeiro e agosto deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.

No período, a quantidade de queixas por interrupção no abastecimento passou de 120.306 para 170.729.

É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da Sabesp obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

De acordo com as informações disponibilizadas pela empresa controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), o centro da capital paulista foi a região da cidade que registrou a maior alta percentual no número de reclamações por falta de água neste ano. Lá, o aumento foi de 219% (de 2.640 para 8.421).

Pelo mapeamento da Sabesp, a região central abrange 23 distritos. Fazem parte desse grupo bairros como Sé, Liberdade, Consolação, Bom Retiro e Paraíso.

Zona norte concentra maior número de queixas

Região com o maior número absoluto de queixas em toda a cidade ao longo dos oito primeiros meses de 2015, a zona norte contabilizou 45.792 casos nesse período. Esse número representa 27% do total de relatos por falta de água feitas à Sabesp na capital paulista entre janeiro e agosto.

Em relação a 2014, as reclamações por interrupção no abastecimento cresceram 60% na zona norte.

Atendida pelo sistema Cantareira, a zona norte abrange as regiões de Santana, Freguesia do Ó e Pirituba.

Reclamações na zona leste crescem 70%

Região mais populosa da capital paulista, com cerca de 4 milhões de habitantes, a zona leste também registrou um aumento expressivo no número de reclamações por falta de água entre janeiro e agosto deste ano. A alta foi de 70% (24.424 para 41.564), segundo a Sabesp.

Na zona sul, as queixas cresceram 57%, enquanto na zona sul, foi registrado um aumento de 3%.

Governo demorou a adotar medidas, diz especialista

Na avaliação da urbanista e coordenadora da Aliança pela Água, Marussia Whately, os cortes no abastecimento são causados pela diminuição de pressão na rede de distribuição, adotada pela Sabesp na Grande São Paulo desde 2014 como “principal medida de diminuição das perdas de água” que ocorrem devido aos vazamentos existentes em seus ramais.

Para a especialista, o governo Alckmin só adotou as medidas necessárias ao enfrentamento da crise hídrica após as eleições do ano passado. “Houve demora na adoção dessas medidas, em especial a redução da retirada de água do sistema Cantareira, que desde novembro de 2013 passa por estiagem, e só teve redução significativa a partir do final de 2014. As medidas para lidar com a estiagem não estavam detalhadas em nenhum dos instrumentos previstos em lei. Foi necessário definir o que fazer durante a crise”, explica Marussia.

Aumento era previsível, afirma Sabesp

A Sabesp disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que, “com a redução da produção de água de 27% desde o início da crise hídrica, era previsível que o número de reclamações aumentasse no período”.

De acordo com a empresa, nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, a produção de água se mantinha acima dos 71 m³/s e as ações para combater o desperdício ainda não tinham sido implantadas. Em julho deste ano, a produção caiu para 51,8 m³/s.

“Nunca é demais lembrar que, para manter o abastecimento de 20,6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, dezenas de obras foram entregues para expandir a captação de água dos mananciais”, diz a nota.

Como resultado destas ações e da colaboração da população em economizar, a Sabesp diz que “conseguiu manter o abastecimento sem a necessidade da implantação de medidas drásticas”.