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Padre garimpa seis Fuscas usados para arrecadar dinheiro com sorteio em MG

O mais velho dos Fuscas data do ano de 1970, e o mais novo é de 1982 - Gabriel Costa/Divulgação
O mais velho dos Fuscas data do ano de 1970, e o mais novo é de 1982 Imagem: Gabriel Costa/Divulgação

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

09/10/2015 15h26

O padre Geraldo Menezes da Silva, da cidade de Divinópolis (120 km de Belo Horizonte), diz ter sido em razão de uma intervenção divina a ideia de comprar seis Fuscas usados e promover um sorteio deles. O intuito é arrecadar dinheiro para o início das obras de construção de duas igrejas em comunidades carentes atendidas pela paróquia.

O mais velho dos veículos data do ano de 1970, e o mais novo é de 1982. Os Fuscas serão sorteados na noite desta sexta-feira (9). Até ontem, os bilhetes custavam R$ 70. Hoje, o tíquete sai por R$ 80. Conforme o padre, idealizador do sorteio, ainda há cartelas para serem vendidas.

Ele conta que, inicialmente, teve um “estalo” quando dois fieis da igreja doaram aproximadamente R$ 80 mil para a Paróquia de São José Operário. “Os fieis trouxeram a oferta quando souberam da nossa intenção de levantar as igrejas, e eu pedi a Deus para multiplicar esse dinheiro. Daí, eu tenho absoluta certeza que, pelo aperto que a gente passa com os problemas da paróquia, eu acredito piamente que foi a graça de Deus que me concedeu essa ideia”, afirmou.

Conforme Silva, muitas pessoas têm carinho pelo Fusca. Para ele, o carro é um dos que mais despertam “valores sentimentais” no país. Silva relembra que saiu, após ter tido a ideia, em busca dos fuscas e, para convencer os donos a venderem os carros, usou o argumento de que eles seriam usados em uma causa nobre. Ele disse ter feito uma peregrinação por oito meses para adquirir os carros. De acordo com o pároco, todos foram comprados na cidade e em municípios vizinhos.

“A gente ia atrás, e as pessoas falavam, inicialmente, que os carros não estavam à venda. Teve um que tinha o carro há quase 30 anos. Mas, quando a gente explicava o motivo do interesse, aí tudo nos favorecia”, disse. Ele afirmou que o valor doado foi integralmente utilizado na compra e na revisão feita nos fuscas.

Conforme Silva, depois do anúncio do sorteio, o número de pessoas foi grande em busca dos bilhetes. “As pessoas acharam a ideia surpreendente e maravilhosa pelo fato de que eram Fuscas. Os Fuscas são lindos. Um deles, que nós conseguimos resgatar, era de um padre muito querido aqui da cidade [já falecido]”, contou. “Tem muita gente que comprou [bilhetes do sorteio] na esperança de ter esse fusca pelo valor sentimental dele.”

Apesar de estarem funcionando, alguns não possuem mais a originalidade de fábrica, mas conservam boa parte das peças com as quais saíram da linha de montagem. O padre demonstrou satisfação com o interesse das pessoas, mas ficou um pouco desapontado com o desempenho final que a iniciativa poderá alcançar em termos financeiros.

“A gente espera arrecadar uns R$ 150 mil, está sendo muito grande a procura. Mas, se não fosse a crise, acredito que teríamos vendido muito mais bilhetes”, afirmou.