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Acidente com caminhão deixa três jovens indígenas mortas no RS

Três jovens de uma comunidade indígena morreram; uma quarta criança foi encaminhada ao hospital  - Divulgação/Polícia Rodoviária Federal
Três jovens de uma comunidade indígena morreram; uma quarta criança foi encaminhada ao hospital Imagem: Divulgação/Polícia Rodoviária Federal

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

19/10/2015 09h42

Um acidente com um caminhão que perdeu um dos eixos sobressalentes resultou na morte de três adolescentes de uma comunidade indígena caingangue às margens da BR-386, no município de Bom Retiro do Sul (cerca de 80 quilômetros de Porto Alegre). Uma quarta criança foi encaminhada para o Hospital de Estrela.

Todas as vítimas eram do sexo feminino e tinham idades entre 11 e 15 anos. Conforme informações preliminares da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o veículo perdeu um dos eixos, que acabou atingindo o grupo. Duas irmãs e uma prima morreram na hora. Segundo relato da PRF, as crianças estavam à beira da estrada aguardando o ônibus escolar.

Morreram no acidente as irmãs Chaiana e Thaís Soares Lemes, respectivamente com 15 e 11 anos, e a prima delas, Franciele Santos Soares, 14. Irmã das duas primeiras vítimas, Analise Soares Lemes, 13, foi levada ao hospital, onde está em estado grave.

O motorista do caminhão foi detido mais de uma depois do acidente em um posto de combustíveis na mesma rodovia, no município de Tio Hugo. Hélio Fernando da Rosa Amador, 53, afirmou que deu falta de um dos rodados apenas depois de estacionar para tomar café em um posto da BR 386, em Fontoura Xavier.

Amador havia saído às 5h de uma transportadora em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, e seguia vazio para Carazinho, onde faria o carregamento com grãos. O veículo foi apreendido pela Polícia e ficará detido em um depósito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Soledade.

O delegado José Romaci Reis informou que o motorista será autuado pelos três homicídios, por lesão corporal na quarta vítima e por ter se afastado do local sem prestar socorro.

O acidente ocorreu às 7h, no sentido capital-interior. O motorista seguiu viagem e não prestou socorro às vítimas. A velocidade no trecho é de 40 quilômetros por hora, mas segundo testemunhas, o caminhão estava trafegando em alta velocidade. A rodovia está totalmente bloqueada.

Revoltados, parentes das vítimas ocuparam as pistas da estrada e ameaçaram motoristas – houve relato de que alguns veículos foram apedrejados. A PRF pediu reforços para controlar a situação.

De acordo com o cacique Carlos Soares, chefe da aldeia onde as meninas moravam, a comunidade já havia alertado sobre a possibilidade de acidentes com alunos da escola municipal que era frequentada pelos indígenas.

“Pedimos à prefeitura que a van entrasse na aldeia para pegar as crianças, mas nunca fomos atendidos. Somos índios, não somos bichos”, reclamou o cacique.

A aldeia fica localizada a 500 metros da rodovia, que é conhecida como Estrada da Produção, e abriga cerca de 150 pessoas.

O inspetor Adão Madril, da PRF, disse que o caminhão já foi identificado e está sendo procurado por agentes que circulam pela rodovia.