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Polícia do RS apreende "Caveirão da Morte"; grupo pode ter matado 30

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

23/10/2015 14h59

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul anunciou nesta sexta-feira (23) que apreendeu em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, um automóvel sedã automático que foi modificado por uma quadrilha de criminosos para matar traficantes rivais.

Segundo a polícia, o carro --um Honda Civic roubado-- foi equipado com chapas de aço blindado, “escotilhas” com apoio para fuzil, que permitiam atirar de modo protegido e em movimento, e um porta-malas com três saídas de líquido, usadas para escorrer o sangue das vítimas. 

De acordo com o delegado Eduardo Hartz, que apresentou o resultado da Operação Clivium, o “Caveirão da Morte” era empregado no confronto com rivais, em ações de fuga das forças policiais, para transportar drogas e, principalmente, para carregar os corpos de inimigos ou integrantes do bando que promoviam desavenças internas.

Duas vítimas da quadrilha já foram identificadas por exame de DNA de sangue recolhido do veículo, mas o Instituto Geral de Perícias analisa outras 30 amostras de supostas vítimas que passaram pelo “caveirão”. Os nomes das vítimas não foram revelados. O equipamento era usado por três integrantes da quadrilha, que saíam às ruas para promover as execuções.

Duas pessoas foram presas durante a operação, coordenada pela 1ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (1ª DPRM). A quadrilha, segundo Hartz, era liderada por uma família que atuava há 15 anos em Gravataí, Cachoeirinha e Sapucaia do Sul – todas cidades da região metropolitana.

A droga era vendida também na zona norte de Porto Alegre. Além de tráfico, o bando é acusado de homicídios, sequestro, lavagem de dinheiro e corrupção de menores.

O grupo criminoso era chefiado pelo traficante Vinícius Otto, conhecido como “Vini da Ladeira”, preso em abril deste ano, mas que continuava comandando as ações da quadrilha de dentro do Presídio Central de Porto Alegre, segundo as investigações.

“O bando era extremamente violento e usava o ‘caveirão’ como tática para intimidar os rivais. É um verdadeiro carro de combate, apesar da aparência externa comum”, disse Hartz.

O delegado informou também que o veículo já tinha sido abordado pela polícia em uma ação de combate ao tráfico na zona norte de Porto Alegre poucas semanas antes de ser recolhido. O “Caveirão da Morte” foi apreendido no dia 14 de setembro, mas revelado apenas nesta sexta-feira pela Polícia.

Os agentes da DPRM também apreenderam cocaína, crack e maconha avaliados em R$ 1,5 milhão, além de um fuzil, uma submetralhadora, duas pistolas e cerca de 500 cartuchos de calibre variados, visor noturno, silenciador, onze carregadores de 30 tiros e dois radiocomunicadores.

Ao longo de 11 meses de investigação, a Polícia conseguiu prender 60 suspeitos de integrar a facção. Hartz disse que em uma das contas bloqueadas da quadrilha foram encontrados R$ 54 mil. Também foram confiscados 30 veículos usados pela facção.

Mais de 600 policiais foram mobilizados para a operação da Polícia Civil, considerada a maior já realizada pela corporação no Rio Grande do Sul. O nome da ofensiva é uma expressão latina que significa descida ou declínio.