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Presos tentam fugir por túnel em presídio no RN e dois morrem soterrados

Pavilhão da Penitenciária de Alcaçuz, em Natal (RN) - Divulgação/Governo do RN
Pavilhão da Penitenciária de Alcaçuz, em Natal (RN) Imagem: Divulgação/Governo do RN

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/11/2015 22h33

Dois presos foram encontrados mortos soterrados dentro de um túnel escavado na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte), nesta segunda-feira (9). Os dois mortos foram identificados como Arlindo de Lima Silva, 30, e Rodrigo Nascimento Silva, 29, e cumpriam pena por assalto.

Este é o terceiro túnel escavado pelos presos no pavilhão B desde a noite de sexta-feira (6). A escavação tem oito metros de profundidade. O terreno arenoso de dunas, onde a penitenciária foi construída, facilita escavações e os presos constantemente tentam fugir por meio de túneis. Alcaçuz está superlotada - são 1.070 internos em uma penitenciária com capacidade para 620 homens. 

Segundo a Coape (Coordenação de Administração Penitenciária), na manhã desta segunda-feira presos do pavilhão B avisaram aos agentes penitenciários que havia ocorrido um desabamento na escavação irregular e dois estavam debaixo da terra. 

O coordenador de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte, Durval Oliveira, disse que agentes penitenciários e integrantes do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte) fizeram a contagem dos internos e, após detectarem o desaparecimento dos dois presos, acionaram o resgate do Corpo de Bombeiros. “Devido a profundidade da escavação, tivemos que usar uma retroescavadeira para encontrar os corpos”, disse.

No fim de semana, presos da penitenciária de Alcaçuz se rebelaram depois que um plano de fuga foi descoberto pelos agentes de segurança pública. Eles destruíram as celas do pavilhão B, arrancaram as grades, quebraram parte de paredes e queimaram colchões no sábado. Devido aos danos, os presos estão soltos no pavilhão. O pavilhão B mantém cerca de 200 presos.

“Na sexta-feira (6) os agentes de segurança detectaram um carro suspeito nas proximidades de Alcaçuz e ainda na madrugada descobriram que os presos haviam escavado um túnel. Por conta da tentativa de fuga abortada, os presos se rebelaram e quebraram o pavilhão B. Como os presos estão soltos no pavilhão, porque arrancaram as grades, no domingo (8) eles conseguiram escavar um novo túnel, que logo foi descoberto. Hoje iríamos fazer a contenção do local quando avisaram que haviam um desabamento e dois presos ficaram dentro do buraco. Quando tivemos acesso ao local, vimos que era uma escavação nova”, afirmou Oliveira.

Ao saberem da rebelião em Alcaçuz, os presos do Presídio Provisório Raimundo Nonato, localizado no bairro Potengi, zona norte da capital, também se amotinaram. Eles arrancaram grades das celas e atearam fogo nos colchões. A Cadeia Pública de Natal, como é conhecido o presídio, está superlotada. A unidade tem capacidade para 185 presos, mas abriga 420 internos.

A Coape informou que vai relocar os presos para uma área provisória da penitenciária para poder fazer o levantamento dos custos da nova reforma que o pavilhão B necessita. O pavilhão B, segundo a Coape, foi o primeiro da penitenciária a ser recuperado desde a série de rebeliões que ocorreu no Estado, entre os dias 11 e 18 de março. Os motins ordenados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa criada nos presídios do Sudeste com ramificações no Nordeste, danificaram 16 unidades prisionais do RN.