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Cidade do ES se prepara para 'receber' a lama das barragens de Mariana

Moradores de Baixo Guandu (ES) observam as águas turvas do rio Doce que chegam ao município, na ponte do bairro Mauá  - Dilvulgação/Prefeitura de Baixo Guandu (ES)
Moradores de Baixo Guandu (ES) observam as águas turvas do rio Doce que chegam ao município, na ponte do bairro Mauá Imagem: Dilvulgação/Prefeitura de Baixo Guandu (ES)

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

17/11/2015 14h45

A lama do rompimento das barragens da Samarco, em Minas Gerais, pode alcançar o município de Baixo Guandu (ES) entre a noite desta terça-feira (17) e a madrugada de quarta-feira (18), de acordo com as informações do Serviço Geológico do Brasil. O município tem 31 mil habitantes, sendo 25 mil na área urbana e outros 6 mil em distritos da cidade, e está distante cerca de 390 quilômetros de Mariana (MG), local onde ficam as duas barragens rompidas.

Os rejeitos e a lama que chegaram à usina de Aimorés (outro município mineiro da bacia do rio Doce) nesta segunda-feira (16) não ficaram retidos ali. A lama que desce o rio Doce está sendo liberada por meio do sistema de comportas, de forma controlada, regulando o nível do reservatório da usina. São dez quilômetros até alcançar a parte central de Baixo Guandu pelo leito do rio Doce.

A chegada da lama se tornou uma "atração" para os moradores da cidade, que se aglomeraram na ponte do bairro Mauá, na área central, na expectativa de presenciar a chegada dos detritos na tarde de terça-feira (17).

“Não sabemos o que vai acontecer, quando a lama chegar até a cidade rio, mas estamos preparados, até porque está lama está para chegar até aqui (Baixo Guandu) desde sábado (7), dois dias após a tragédia em Mariana. Foram muitas estimativas equivocadas”, afirmou nesta terça-feira (17) a secretária de Comunicação de Baixo Guandu, Daiany Martinelli.

Ela explica que os reservatórios que atendem a população dos quatro distritos do município (Vila Nova do Bananal, Ibituba, Alto e Km 14) captam água em nascentes e ribeirões próximos e estão conseguindo atender a demanda das cerca de 6 mil pessoas que moram nesses vilarejos.

"A água do rio Doce já está bastante escura, meio amarronzada desde domingo (15). Já ontem (segunda-feira, 16) iniciamos a captação de água para o município no rio Guandu”, afirmou Daiana. 

A decisão foi tomada após a divulgação da informação do Serviço Geológico de que a “massa de água com elevada turbidez” - a lama - havia chegado àà usina de Aimorés.

Como a paralisação da captação já estava prevista, a prefeitura não teve dificuldades para acionar imediatamente seu plano de captar água do rio Guandu.

Daiana Martinelli explica que, na semana anterior, a prefeitura limpou o canal para levar água do rio Guandu até a estação de bombeamento e o reservatórios que abastecem a cidade.

“A situação está sob controle. A população de Baixo Guandu tem água na torneira”, disse a secretária de Comunicação. A prefeitura estuda manter a captação de água no rio Guandu de forma definitiva, abandonandoo rio Doce.

A Samarco, empresa mineradora responsável pelas barragens de Mariana, começou o trabalho de perfuração de poços artesianos em Colatina (ES), a segunda cidade capixaba que será atingida pela lama que desce o rio Doce. a intenção é iniciar rapidamente a captação de água subterrânea, que fica entre as rochas.

Estão sendo perfurados seis poços no município, há caminhões-pipa preparados e foram instalados reservatórios de 20.000 litros nos pontos mais altos de Colatina. A prefeitura também avalia que a instalação de adutoras de engate rápido para coleta de água nas lagoas do Limão e Batista, que ficam no município.