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"Vai ser muito difícil encontrar", diz filho de desaparecido, após sobrevoo

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

23/11/2015 20h33

Os familiares das 11 pessoas que continuam desaparecidas após o rompimento da barragem em Mariana (MG) estão perdendo as esperanças de encontrá-las.

Três parentes de sobreviventes sobrevoaram nesta segunda-feira (23) pela primeira vez a área de 90 km entre Mariana e o município de Rio Doce (MG), onde a lama desceu para a calha do rio de mesmo nome.

O sobrevoo aconteceu após os familiares fazerem um protesto na sexta-feira (20), reclamando de falta de informação e questionando o empenho das equipes de resgate.

“Eu confesso, vai ser muito difícil encontrar um corpo. O estrago é muito maior do que imaginei. A coisa é feia”, disse Emerson Aparecido Santos, 30, filho do empregado terceirizado da Samarco, Ailton Martins dos Santos, 55, que está desaparecido há 18 dias.

Santos concluiu que não tem mais esperanças de encontrar o pai com vida. “Isso não tem jeito. Mesmo o corpo vai ser difícil”, afirmou.

A estudante Sabrina Penna Carvalho, 18, que participou de um protesto na sexta-feira (20), conversou com o UOL antes do sobrevoo, que sua irmã Sandra fez. Elas são filhas do operador de máquinas Daniel Altamiro de Carvalho, 53, funcionário da Integral Engenharia Ltda.

“No fundo, a gente tem esperança, mas depois de tanto tempo, a gente acha complicado achar alguém com vida. Mas que pelo menos a gente encontrar o corpo e fazer um enterro digno, que é o mínimo que meu pai merece”, disse Sabrina.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que irá realizar reuniões diárias, além de fazer sobrevoos com os parentes. A corporação também informou que 26 soldados se incorporaram às equipes de resgate, aumento o efetivo em 70 homens.

Os Bombeiros explicaram ainda que na lama há empilhamentos de eucaliptos de até quatro metros de altura, e de que é preciso remover e revirar os materiais. Se houver sinais da presença de algum corpo, a busca também é feita com cães farejadores. A lama escorregadia, em função das chuvas que caem na região, também dificulta o trabalho.

Até o momento, oito mortos foram identificados, e quatro corpos ainda aguardam reconhecimento. Ao todo, oito funcionários e três moradores do subdistrito de Bento Rodrigues seguem desaparecidos.