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Mulheres acusam segurança de casa de show de homofobia em Piracicaba

A técnica de enfermagem Elizabete Ramos (esq.) e a vigilante Gisele Anibal em foto nas redes sociais - Reprodução/Facebook
A técnica de enfermagem Elizabete Ramos (esq.) e a vigilante Gisele Anibal em foto nas redes sociais Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

26/11/2015 06h00

Um casal de mulheres relatou ter sido vítima de homofobia praticada por um funcionário de uma casa de shows de Piracicaba. Segundo as vítimas, elas estariam se beijando dentro do estabelecimento quando foram abordadas por um segurança, que teria dito, aos gritos, que elas estariam “assediando os homens com essa atitude” e que, se quisessem, “deveriam procurar outro lugar apropriado”. 

O caso ocorreu na madrugada do sábado (21), mas só foi registrado na noite de segunda-feira (23).

De acordo com a versão das vítimas dada à Polícia, depois de acompanharem, com familiares, a um show do cantor Amado Batista, a técnica de enfermagem Elizabete Ramos, 35, e a vigilante Gisele Anibal, 34, que são casadas oficialmente há seis meses, foram a um bar na região central da cidade.

Logo após chegarem ao Bar Celeiro, ainda acompanhadas de familiares, elas se beijaram e foram logo em seguida abordadas por um segurança. “Estávamos lá com minhas irmãs e outras amigas. Estava tudo tranquilo, havia vários casais se beijando. O segurança disse que aquilo era errado, que estávamos assediando os outros homens”, disse Elizabete.

Elas procuraram a gerência do estabelecimento para relatar a atitude do funcionário, mas foram atendidas somente pelo chefe da segurança, que as informou que se tratava de uma pessoa recém-contratada.

Elizabete contesta. “Já estive lá (no bar) outras vezes, e o mesmo rapaz estava lá trabalhando”.

Segundo Elizabete, é a primeira vez que ela e sua esposa passam por uma situação de discriminação. “Antes disso acontecer, eu tinha uma visão de que isso estava acabando. Olha aqui mesmo, em Piracicaba, quantos casamentos de pessoas do mesmo sexo não foram feitos desde a mudança da lei?”, questionou.

“E agora a gente fica recuada, não sei nem se posso pegar na mão da minha esposa na rua”, disse ela. 

Boletim

As duas foram até a delegacia, onde o delegado Edson Gardenal registrou um Boletim de Ocorrência por difamação. A Polícia Civil informou que irá apurar o caso e que o próximo passo é a oitiva das testemunhas. Se condenado, o autor da ofensa pode pegar até dois anos de prisão, além de pagar multa. O estabelecimento comercial também pode ser multado. Até o momento, o autor da abordagem não foi oficialmente identificado.


A reportagem do UOL tentou entrar em contato com o proprietário do estabelecimento comercial para comentar o ocorrido, mas não obteve retorno até o início da noite de quarta-feira (25).
Em entrevistas à imprensa de Piracicaba, o proprietário do bar Celeiro, que não quis se identificar, negou os acontecimentos e relatou que ambas “estão querendo arrumar briga na Justiça para ganhar dinheiro”.