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Prefeito admite negociar com Uber após agressão a motorista em Porto Alegre

Bráulio Pelegrini Escobar, 40, foi agredido por dois taxistas na tarde de quinta-feira (26), em Porto Alegre (RS) - André Ávila/Agência RBS/Estadão Conteúdo
Bráulio Pelegrini Escobar, 40, foi agredido por dois taxistas na tarde de quinta-feira (26), em Porto Alegre (RS) Imagem: André Ávila/Agência RBS/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

27/11/2015 19h15

Após a agressão de taxistas contra o motorista Bráulio Escobar, 41, o prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT) voltou atrás e escreveu no Twitter nesta sexta-feira (27) que quer retomar as conversas com os motoristas que usam o aplicativo Uber.

Ao mesmo tempo, a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul entrou com uma ação civil pública para autorizar o funcionamento do Uber, proibida em votação na Câmara dos Vereadores nesta semana.

"Estamos retomando um diálogo que não fui eu quem rompeu", postou Fortunati.

Na quinta-feira, o prefeito havia declarado que "o Uber mostrou a sua prepotência, seu autoritarismo. Achou que Porto Alegre era terra de ninguém. Não é. Se é para regulamentar, vamos regulamentar. Agora, não venham para cá usar o espaço público como quiserem. Aqui tem prefeito, tem Câmara de Vereadores e tem leis".

As cenas da agressão sofrida pelo motorista do Uber Bráulio Escobar, 41, na quinta-feira (26), repercutiram nas redes sociais. O profissional foi agredido por um grupo de taxistas no fim de ontem, no estacionamento do Carrefour do bairro Partenon, na zona leste da capital.

Dois foram presos pela Polícia Militar logo após das agressões. Cauê Cavalheiro Varella e Alessandro dos Santos Schesser devem responder por tentativa de homicídio. Ambos possuem antecedentes criminais, como ameaça e lesão corporal, mas sem condenações.  
 
Na tarde de sexta, a Justiça decretou a prisão preventiva da dupla para "garantir a ordem púbica" Segundo o juiz Luciano André Losekann, ficou demonstrado que os agressores armaram uma emboscada para a vítima.

"Como demonstra o boletim de atendimento médico e a fotografia deixam entrever que a intenção dos imputados era a de, naquele momento, pôr cobro à vida do ofendido, o que só não se consumou por fatores alheios às suas vontades, mais precisamente pela intervenção - quase que divina - de pessoas próximas que saíam do supermercado e fizeram cessar as intensas e violentas agressões", assinalou em seu despacho. 

Defensoria

A Defensoria Pública do RS entrou na Justiça, nesta sexta-feira (27), com uma ação civil pública para autorizar o funcionamento do Uber. Na realidade, a proposta é mais ampla e tenta contemplar os serviços de motoristas particulares em Porto Alegre.

Na quarta-feira (25), em um trâmite que chamou a atenção por sua rapidez, os vereadores da capital aprovaram um projeto que proíbe o Uber na cidade.
 
A liminar assinada pela defensora Patrícia Kettermann solicita o fim de blitz com intuito exclusivo de multar e apreender carros do Uber. Conforme Patrícia, a ação está fundamentada constitucionalmente, baseada na Lei Federal que estabelece diretrizes para mobilidade urbana e prevê a possibilidade da existência de motoristas particulares.

Ameaça

Apesar da ampla repercussão contrária às agressões --que se tornaram automaticamente a favor do Uber, confirmados por eventos marcados no Facebook para o boicote aos táxis de Porto Alegre --, ao menos um comentário exaltou a violência. "Primeiro uber abatido. Vamo pega um por um. É guerra", escreveu um taxista em seu perfil na rede social.
 
O comentário fez com que a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), de Porto Alegre, se adiantasse e informasse que abriu um processo administrativo contra o motorista.
 
Ainda de madrugada, recuperando-se de um traumatismo craniano leve, Escobar se manifestou pelas redes sociais. Em sua conta do Facebook ele agradeceu as centenas de mensagens de apoio que vem recebendo e criticou o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati.

"Infelizmente, foi assim que cheguei em casa na 'terra de ninguém' do prefeito Fortunati, com recomendação de ficar 24 horas acordado", escreveu Escobar. Ele fez referência a uma entrevista que o prefeito deu na manhã de quinta, na qual criticou o Uber ao dizer: "O Uber mostrou a sua prepotência, seu autoritarismo. Achou que que Porto Alegre era terra de ninguém. Não é. Se é para regulamentar, vamos regulamentar. Agora, não venham para cá usar o espaço público como quiserem. Aqui tem prefeito, tem Câmara de Vereadores e tem leis".

A declaração foi dada ao vivo à rádio Gaúcha. Escobar fez questão de ressaltar que tem respeito pela categoria dos taxistas, mas reconhece que uma minoria acaba agindo à margem da lei, a quem chamou de "banda podre". "Os hematomas e contusões no meu rosto e no meu corpo estão aqui para lembrar que atitudes como a desta corja infiltrada entre taxistas são imperdoáveis."