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Após MP entrar na Justiça, Samarco anuncia ajuda às famílias de Barra Longa

A professora Sandra Aparecida Carneiro, 38, e a sobrinha Isabela Ferreira Carneiro Rola, 24 (de shorts jeans), limpam casa que foi tomada pela lama que desceu o rio em Barra Longa - Moacyr Lopes Junior/Folhapress
A professora Sandra Aparecida Carneiro, 38, e a sobrinha Isabela Ferreira Carneiro Rola, 24 (de shorts jeans), limpam casa que foi tomada pela lama que desceu o rio em Barra Longa Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

11/12/2015 18h13

Um dia após o MP ter anunciado uma ação civil contra a mineradora Samarco, a empresa informou, nesta sexta-feira (11), que entregou cartões de auxílio financeiro a 50 famílias que perderam sua fonte de renda na cidade de Barra Longa (MG), localidade atingida pela lama que vazou da barragem de Fundão, no dia 5 do mês passado, em Mariana (MG). A distância entre os dois municípios é de pouco mais de 60 quilômetros.

Os atingidos pelo desastre nesse município não tinha sido elencados como beneficiários do auxílio como os moradores de localidades de Mariana.

Segundo a empresa, as famílias de Barra Longa que perderam a sua fonte de renda receberão mensalmente, e em caráter temporário, um salário mínimo, acrescido de 20% desse valor por dependente, mais uma cesta básica de R$ 338,61.

A empresa informou por meio de nota que os créditos serão colocados à disposição até o 5º dia útil de cada mês. Nesse primeiro pagamento, o valor será retroativo ao dia 5 de novembro, dia do rompimento da barragem.

“A entrega continua sendo feita até que todos os núcleos familiares sejam atendidos”, trouxe o informe. No entanto, não há menção ao número total de famílias que serão contempladas.

Ainda conforme a mineradora, que é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP, as pessoas poderão fazer compras em estabelecimentos comerciais de Barra Longa, Ponte Nova, Mariana e Ouro Preto.

A Samarco salientou que esse auxílio “não representa nenhuma indenização por perdas e danos”.

As famílias que foram atingidas direta ou indiretamente, ou tiveram sua renda afetada pelo rompimento da barragem são alvo do auxílio, conforme a empresa.

“Serão atendidos os núcleos familiares acolhidos em casas de parentes ou amigos e aqueles acomodados nos hotéis ou moradias temporárias, incluindo dependentes de qualquer idade, como tio, avô, irmão e filhos”.

Conforme o boletim, um estudo está sendo feito para incluir no auxílio financeiro os produtores rurais e as pessoas que não tiveram suas casas atingidas, mas ficaram isolados.

Ação

O promotor Guilherme de Sá Meneghin, da Comarca de Mariana, disse ter entrado com uma ação civil na Justiça, nesta quinta-feira (10), contra a Samarco e suas controladoras, após a mineradora ter se recusado a assinar um acordo de auxílio e reparação às vítimas de Mariana.

Nela, o promotor exige que as empresas reparem financeiramente as vítimas da tragédia em Mariana, cerca de 300 famílias.

Há a exigência de um plano emergencial que repasse às famílias o valor de R$ 1.500, a título de auxílio financeiro, acrescido de 30% desse valor por cada dependente. O MP ainda quer que as famílias sejam transferidas de hotéis e pousadas para moradias alugadas pela empresa até o dia 24 deste mês.

Além disso, a mineradora deverá apresentar um plano definitivo sobre o futuro dos atingidos, com indenizações negociadas e a reconstrução dos locais destruídos.

Por sua vez, a empresa afirmou que “continua aberta ao diálogo com o MP e reforça que continua prestando auxílio humanitário às comunidades de Mariana”.

A Samarco iniciou, no dia 30 do mês passado, a distribuição dos cartões de auxílio financeiro a famílias das localidades de Bento Rodrigues, Paracatu, Pedras, além de Camargos e Ponte do Gama, em Mariana. O valor e as datas de recebimento são idênticos ao auxílio ora dado às famílias de Barra Longa.