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Para promotor, Samarco tenta "impor visões" com publicidade na TV

Após anunciar manutenção de empregos, Samarco faz publicidade para mostrar ações   - Reprodução
Após anunciar manutenção de empregos, Samarco faz publicidade para mostrar ações Imagem: Reprodução

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

11/12/2015 06h00

O promotor de Justiça de Mariana (MG), Guilherme de Sá Meneghin, criticou a publicidade feita pela mineradora Samarco que, desde sábado (5), quando o rompimento da barragem de Fundão, no município, iniciou uma série de propagandas sobre as iniciativas que tem feito em relação ao desastre que matou 15 pessoas e deixou outros quatro pessoas desaparecidas até o momento, além de provocar uma onda de lama de quase mil quilômetros, atingindo 35 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.

“É terrível. A Samarco tenta impor suas visões, que podem limitar direitos das vítimas desta tragédia”, afirmou Meneghin na noite desta quinta-feira (10).

A declaração foi feita horas após o promotor ter entrado com uma ação civil contra a Samarco, a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, exigindo que essas empresas reparem financeiramente as vítimas do desastre em Mariana, cerca de 300 famílias, aproximadamente 1.000 pessoas.

O pedido do promotor para que essas mineradoras apresentem planos de emergência, pagando auxilio financeiro mensal de R$ 1.500 às famílias, com mais 30% por dependente, e a transferências dessas pessoas para casas alugadas até 24 de dezembro, além de um planejamento definitivo do futuro dessas vítimas, com indenizações negociadas e reconstrução dos locais destruídos, foi recusado pela Samarco, Vale e BHP Billiton.

“Embora esteja decepcionado, é melhor que seja assim (a negativa das empresas em assinar o termo de ajuste proposto). Agora, as posições ficam mais claras e a Justiça decide. É o caminho”, afirmou Meneghin.

A empresa começou este mês a pagar um salário mínimo (R$ 788) para as famílias, e 20% por dependente, além de uma cesta básica. Com relação às casas, a proposta da Samarco é de transferência gradual até fevereiro de 2016.

O promotor explicou que a Vale e a BHP Billiton estão sendo acionados, não pelo fato de que são proprietárias da Samarco, com 50% das cotas cada uma, mas porque essas empresas despejavam rejeitos também em Fundão, vindos de uma mina dessas empresas em Ouro Preto (MG).

Procurada pelo UOL, a Samarco disse que publicou um informe nos canais de comunicação como forma de esclarecer sobre a sua atuação no acidente.

"A iniciativa (a publicidade) reflete o compromisso da empresa de mostrar, com transparência, as principais ações empreendidas para mitigar as consequências socioambientais decorrentes do acidente e demonstrar, mais uma vez, seu sentimento de consternação".

"A Samarco continua aberta ao diálogo com o Ministério Público e reforça que continuará prestando auxílio humanitário às comunidades de Mariana".