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Testemunhas enfrentam forte chuva para ver e lamentar incêndio do museu

Apesar de forte chuva, homem acompanha incêndio que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo - Fernando Couri/UOL
Apesar de forte chuva, homem acompanha incêndio que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo Imagem: Fernando Couri/UOL

Fernando Cymbaluk

Do UOL, em São Paulo

21/12/2015 23h19

Enquanto bombeiros combatiam o grande incêndio que consumia o Museu da Língua Portuguesa na tarde desta segunda-feira (21), muitas pessoas chegavam ao local, mesmo sob a forte chuva, em busca de informações sobre colegas ou para ver com os próprios olhos a destruição do acervo e do prédio histórico da cidade.

Entre os curiosos, debaixo de um pequeno guarda-chuva, estava um homem baixo, que aparentava ter em torno de 50 anos. Diante da Pinacoteca do Estado, museu que se localiza do outro lado da rua onde ocorria o incêndio, o homem assistia ao fogo que atingia não só um museu, mas também o seu local de trabalho.

"Quando vi a notícia, minha maior preocupação era com meus amigos que trabalham lá", diz Vanderlei Ribeiro Marques, integrante de equipe prestadora de serviços do museu. No momento do incêndio, ele atuava em uma empresa da região da Luz, bairro paulistano onde fica o museu.

Por uma série de fatores, Marques não estava trabalhando no local no momento do incêndio. O Museu da Língua Portuguesa fecha às segundas, e a empresa terceirizada em que Marques trabalha desloca atividades para outros locais. "Fiquei feliz ao saber que estão bem, mas triste pelo museu. Era um lugar onde se aprendia muito", afirma.

A funcionária pública Joanita Nascimento, que acompanhava o incêndio apesar da chuva, comentava com os colegas de trabalho sobre como as exposições eram bonitas quando notaram as labaredas no prédio. "É muito triste. Isso faz parte da minha paisagem, do meu cotidiano", disse Joanita, moradora do Bom Retiro, bairro vizinho ao museu.

Nelson Ribeiro, ator paulistano, era um dos muitos que viam as chamas embaixo do seu guarda-chuva. "É muito triste ver este incêndio porque é um prédio histórico e importantíssimo para a cidade de São Paulo".

"A estação fez parte da minha vida desde quando eu nasci. É triste demais ver o lugar mais cultural de São Paulo se acabar assim, desse jeito", disse a estudante Juliana, 18, que aprendeu em suas aulas sobre a estrutura inglesa do prédio da estação e observava as chamas.

 

Usuários de trem

As pessoas que utilizavam a estação de trem da CPTM foram surpreendidas também pelo fechamento do prédio, impedindo o acesso à estação Luz. "Eu não sei como fazer agora. Moro no Jabaquara, vou ter que me virar para voltar" diz Christiane Caldeira, auxiliar administrativa que trabalha na região.

Íris Alves, que seguia da Luz até sua casa no Itaim Paulista, foi uma das passageiras do trem surpreendidas pela interdição da estação. “Não sei como vou voltar para casa. Ninguém nos passa informação”, disse.

Não havia nenhum funcionário nos arredores da estação da Luz, instruindo passageiros que encontravam o local fechado. Policiais e Guardas Civis apenas diziam que a estação estava fechada.

Na noite desta segunda-feira (21), o presidente da CPTM, Paulo Magalhães, afirmou que a estação Luz permanecerá fechada nesta segunda-feira (21). A sua reabertura depende do resultado da avaliação da estrutura do museu e, ainda que seja programada para amanhã (22), a liberação será parcial.