Três razões para a avenida Paulista ter sido uma das protagonistas de 2015
A avenida-símbolo de São Paulo é endereço recorrente de toda sorte de protestos, que começam ou são encerrados na via que é um dos principais centros financeiros do país. Em 2015, no entanto, a avenida Paulista entrou para a história ao abrigar uma quantidade recorde de pessoas em manifestações.
O logradouro também esteve sob holofotes durante a polêmica implantação de uma ciclovia no canteiro central. A obra chegou a ser questionada pelo Ministério Público, que tentou barrar a construção, gerando revolta e protestos de ciclistas.
Outro fato que colocou a Paulista no centro das atenções e debates foi a controversa decisão da prefeitura de impedir a circulação, aos domingos, de carros, ônibus e motos, transformando a avenida em uma área de lazer das 10h às 18h.
Multidão em protestos
A Paulista foi um dos principais palcos, ao longo do ano, dos protestos contra o governo federal, o PT e a corrupção realizados em várias partes do país. Em março, a Polícia Militar estimou em 1 milhão a quantidade de pessoas que participaram de ato na avenida. Segundo o Datafolha, porém, foram 210 mil manifestantes.
Em abril, a Paulista voltou a ter o maior número de manifestantes entre os protestos promovidos no Brasil. Segundo a PM, 275 mil pessoas foram à avenida Paulista. Já o Datafolha estimou em 100 mil participantes.
E, em agosto, 350 mil pessoas, segundo a PM, e 135 mil, de acordo com o Datafolha, foram até a avenida para pedir a saída da presidente Dilma Rousseff (PT) do poder. Dias depois, uma multidão estimada em 40 mil pessoas ocupou a Paulista, desta vez em apoio à presidente. Centrais sindicais e movimentos populares foram às ruas contra o impeachment de Dilma, mas também criticaram o ajuste fiscal e a "Agenda Brasil", medidas do governo para frear a crise econômica.
Ciclovia da discórdia
Na primeira segunda-feira do ano, o dia amanheceu com a avenida Paulista tomada por tapumes, para o início das obras da nova ciclovia no canteiro central da via. Dois meses depois, a Promotoria de Justiça de Urbanismo e Meio Ambiente entrou na Justiça com um pedido de liminar para suspender a construção dessa e de outras faixas exclusivas para bicicletas em São Paulo, alegando falta de estudos técnicos prévios.
O Tribunal de Justiça acolheu o pedido do Ministério Público, deixando de fora, no entanto, a ciclovia da Paulista. A decisão judicial causou revolta entre os ciclistas da capital, que promoveram bicicletadas e mobilizaram protestos em outras cidades do país e do mundo. A Justiça acabou por manter as obras das ciclofaixas e ciclovias na cidade.
Para que a ciclovia da Paulista fosse implantada, as faixas de ônibus e carros tiveram de ser estreitadas, o que gerou críticas de motoristas. Pedestres também se queixaram porque o espaço destinado a eles precisou ser reduzido. Já entre os ciclistas, o sentimento era de euforia, tanto que a ciclovia começou a ser usada antes mesmo da inauguração.
Na abertura oficial, em junho, uma multidão de ciclistas e pedestres tomou a via, que foi interditada para os veículos. Teve festa e também protesto contra o PT, partido do prefeito Fernando Haddad, que esteve presente à inauguração.
Fechamento para carros
O dia da inauguração da ciclovia da Paulista foi usado pelo governo municipal como teste para avaliar uma ideia controversa: bloquear o acesso de carros, motos, ônibus e caminhões à via aos domingos. A proposta de fechar avenidas da capital para veículos nos fins de semana foi classificada por Haddad como uma "política pública permanente" para garantir áreas de lazer na cidade.
O plano foi criticado por empresários, comerciantes e moradores da região da avenida. "Por que a Paulista? Porque dá ibope, porque é marketing, porque fazer polêmica na Paulista dá imprensa", declarou Vilma Peramezza, presidente da Associação Paulista Viva.
O Ministério Público recomendou que a prefeitura não interditasse o trânsito na avenida, mas o executivo municipal não deu ouvidos. Em outubro, a medida passou a valer de forma permanente.
Diante disso, o MP multou em cerca de R$ 50 mil a Prefeitura de São Paulo por causa da abertura da Paulista para lazer. Apesar da penalidade, a gestão Haddad decidiu manter a decisão.
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