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Com chuvas, margens do rio Tietê em Salto (SP) viram depósito de lixo

Lixo se acumula nas margens do rio Tietê, em Salto (SP) - Fernando de Souza/Staff News
Lixo se acumula nas margens do rio Tietê, em Salto (SP) Imagem: Fernando de Souza/Staff News

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

29/12/2015 15h09

Milhares de garrafas plásticas ficaram acumuladas nas margens do rio Tietê, no trecho que passa por Salto (a 101 km de São Paulo), após as fortes chuvas que caíram sobre a Grande São Paulo durante o fim de semana.

A sujeira gerada na capital chegou rapidamente ao rio por causa da correnteza, se acumulando em trechos rochosos das margens. O fenômeno é recorrente e motivou, inclusive, operações de limpeza nos trechos de margens do rio que cortam a cidade. Realizadas desde 2014, elas retiraram mais de 24 toneladas de lixo das margens do rio.

Um dos pontos que concentrou mais sujeira foi o Parque das Lavras, que fica a dois quilômetros do centro da cidade e que abriga o Memorial do Rio Tietê, um dos principais pontos turísticos locais.

Na área próxima a uma antiga usina hidrelétrica desativada, garrafas de plástico, pedaços de madeira, isopor e outros tipos de lixo começaram a ser retiradas por servidores municipais ontem. Não há previsão para o término dos trabalhos. Os rejeitos estão sendo enviados para o aterro sanitário municipal.

O acúmulo de lixo nas margens do Tietê não é novidade e, de acordo com o secretário do Meio Ambiente de Salto, João de Conti Neto, é intensificado em períodos de grande volume de chuvas. "O rio sobe e retira lixo que estava acumulado nas margens. Esse lixo desce o rio e acaba parando em Salto", conta.

O secretário informou ainda que parte do lixo já foi retirada, mas que, com a cheia do manancial, não haverá uma operação de grande porte para retirada do lixo. "Isso talvez ocorra no tempo seco. Iremos retirar o que for possível, como sempre fazemos", disse.

Chuvas

De acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a capital registrou chuvas entre 90 e 110 milímetros por dia de sexta-feira a domingo e, para as próximas semanas, a tendência é que novas pancadas de chuva sejam registradas na região, principalmente no fim da tarde. "Não há dúvidas de que iremos ver, infelizmente, essas cenas mais vezes nos próximos meses", disse Conti Neto.

De acordo com a professora Anna Sacura Torres, 39, moradora na cidade, a tendência é que, com as chuvas de verão, o lixo volte a tomar conta das margens. "É uma coisa triste de ver, mas sempre é assim. Chove, emporcalha tudo. A gente tira o lixo, o rio traz de volta. Parece que estamos enxugando gelo. O lugar é tão bonito, mas o lixo e a poluição estragam tudo", afirmou. 

Limpeza

Em julho de 2014, a Prefeitura de Salto aproveitou a seca e realizou uma inédita operação de limpeza das margens do Tietê que retirou 18 toneladas de lixo no trecho que corta a cidade.

No mesmo mês de 2015, uma nova operação foi realizada e retirou seis toneladas de lixo, em especial na área do Parque das Lavras.

Para o prefeito de Salto, Juvenil Cirelli (PT), a retirada constante de altas quantidades de lixo das margens do rio mostra a necessidade de os municípios pelos quais o rio passa cuidarem do Tietê. "A cidade de Salto possui tratamento de esgoto, coleta de lixo 100% mecanizada e faz a coleta de recicláveis em todo o município, mas é penalizada com a sujeira que o rio Tietê traz de outros municípios. Cada cidade e o Estado de São Paulo precisam fazer a sua parte."