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Mecânico constrói brinquedos de sucata e distribui de graça no DF

William César Martins faz brinquedos com materiais reciclados, como esse Batmóvel - Alessandra Modzeleski/UOL
William César Martins faz brinquedos com materiais reciclados, como esse Batmóvel Imagem: Alessandra Modzeleski/UOL

Alessandra Modzeleski

Colaboração para o UOL, em Brasília

05/01/2016 06h00

Por necessidade, o mecânico William César Martins, 41, começou a produzir brinquedos, ainda na infância, com materiais recicláveis. Morando com a família em um barraco, na Ceilândia, a mãe dele não tinha condições de comprar brinquedos.

"Aos dez anos, comecei a trabalhar em um mercado e via os modelos. Sozinho eu reproduzia aquilo com os materiais que tinha à mão. Desde essa época eu dava as produções para outras crianças sem condições."

Atualmente, Martins trabalha das 8h às 18h em uma oficina, em Vicente Pires, no Distrito Federal. Com duas horas de almoço, ele se dedica a fazer caminhões, carros, robôs e outros brinquedos com madeira, arames e papelão.

Os objetos cheios de detalhes impressionam crianças e adultos. "Eu deixo exposto, tanto aqui na oficina como na área em casa. As pessoas passam, se interessam e eu não penso duas vezes. Entrego a quem quiser", conta.

Em 2015, deu mais de 30 brinquedos. O último modelo doado foi um caminhão para uma creche. "Recebi mensagens de agradecimento e isso me alegra."

Esplanada com caixa e fósforo

A habilidade em criar começou na infância. "Na escola, a professora pediu que fizéssemos uma maquete da Esplanada dos Ministérios. Eu usei uma caixa de pasta de dente e um fósforo. Depois disso não parei mais. Comecei a fazer os meus próprios brinquedos", lembra. 

Formado em mecânica, completou 23 anos no ofício e afirma que isso tem ajudado na qualidade da confecção. "Quando comecei a fazer as peças, não tinha ideia de proporção. Hoje, eu vejo o modelo na internet e me esforço para encontrar as medidas e acertar."

O último brinquedo feito foi o carro do Batman, inspirado em um modelo que veio na web. O objeto abre as portas, movimenta as rodas e tem cerca de um metro de largura. "Eu levei cerca de dois dias para fazer esse carro. Quando se tem prazer, sai perfeito. Não me dá trabalho nenhum", diz.

Para manter o hobby, Martins não precisa de muito. O papelão e a madeira são conseguidos com lojas próximas à oficina. "Eu uso só material que seria jogado no lixo. O máximo que eu gasto é com tubo de cola quente", explica.

Casado e pai de três filhas, de 19, 17 e 5 anos, conta que atende a pedidos da filha mais nova e até de adultos. "O dono de uma loja ao lado da oficina tem uma caminhonete e quer que eu faça uma réplica para ele. Todos gostam, não importa a idade."

Mesmo recebendo pedidos, o mecânico diz que não pretende cobrar pelo trabalho. "Não tenho o sonho de comercializar. Eu faço por amor, porque gosto mesmo. Comecei por necessidade e é um prazer doar brinquedos para quem não tem", conclui.