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Oito vereadores presos renunciam e Câmara adia sessões em Centralina (MG)

Câmara Municipal de Centralina está em recesso - Reprodução/Câmara Municipal de Centralina
Câmara Municipal de Centralina está em recesso Imagem: Reprodução/Câmara Municipal de Centralina

Renata Tavares

Colaboração para o UOL, em Uberlândia (MG)

02/02/2016 17h57

Oito dos nove vereadores de Centralina (a 668 km de Belo Horizonte), presos por suspeita de corrupção, renunciaram aos cargos e firmaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público de Minas Gerais. A informação foi divulgada nesta terça-feira (2). Os trabalhos da Câmara Municipal estão paralisados e sem prazo para serem retomados.

Segundo o promotor Marcus Vinicius Ribeiro, eles podem contribuir com informações que possam aprofundar as investigações. “Logo após os depoimentos e os acordos feitos com o MP, eles foram liberados e cumprem prisão domiciliar”, esclareceu.

Todos os vereadores, nove, foram presos preventivamente suspeitos de corrupção. Eles são investigados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Uberlândia acusados de desvio de dinheiro público.

Segundo a investigação, todos fraudaram notas fiscais para justificar recebimento de diárias de viagens que nunca foram feitas.

Entre os vereadores que aceitaram o acordo está o ex-presidente da Câmara Municipal, Eurípides Batista Ferreira, o Baianinho (PROS), o ex-primeiro secretário Hélio Matias (PSL), Roneslei do Carmo Soares (PR), Carla Rúbia (SDD), Ismael Pereira Peres (PT), o ex-segundo secretário Rodrigo Lucas (SDD), Wandriene Ferreira de Moura (PR), e Cleison Vieira (PDT).

A vereadora Sônia Martins de Medeiros Rosa (PP), que é irmã do prefeito Elson Martins de Medeiros (PP), está presa desde o dia 28 de janeiro em Uberlândia (537 quilômetros de Belo Horizonte).  “Vamos ouvi-la e só então saberemos se ela aceitará o acordo e renunciará ao cargo”, disse Ribeiro.  

Ela é suspeita de fazer em 2013 repasses no valor de R$ 1 mil para cada vereador para que a Lei Orçamentária Anual (LOA) fosse aprovada sem objeções e emendas. O mesmo teria acontecido em 2014, quando a maior parte dos vereadores receberam R$ 2 mil e Hélio Matias (PSL) R$ 7 mil para aprovação da LOA.

“Nós temos estratos bancários de três vereadores comprovando que houve o repasse desses valores. Agora quem repassou ainda está em investigação”, afirmou Ribeiro,

O prefeito Elson de Medeiros afirmou que a irmã é inocente e que ela não tem envolvimento com o crime apontado pelo MP. “É uma pessoa idônea. Não teria motivos para fazer acordo se é inocente. Estamos com dois advogados e vamos provar que ela não tem culpa.”

Segundo Medeiros, em março de 2015 ele procurou o Ministério Público para denunciar a postura de dois vereadores. “Eles me procuravam e pediam dinheiro em troca de aprovações de projetos. Não tive retorno. Não tenho envolvimento com isso.”

O promotor Ribeiro disse que não há registros sobre a denúncia do prefeito contra os vereadores e que Medeiros não está sendo investigado pelo Gaeco. 

Sem quórum

Os trabalhos na Câmara Municipal não têm prazo para serem retomados por falta de quórum. Até agora, a Justiça eleitoral nomeou apenas dois dos oito suplentes.

A casa conta com quatro funcionários e todos eles estão sem receber o salário, já que toda a parte contábil também esta paralisada. “O colaborador da contabilidade também é investigado. Temos pagamento de água, energia e impostos como INSS que estão pendentes”, disse o assessor jurídico da Câmara Daltro Filho.

Mais investigações

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Uberlândia investiga que entre 2013 e 2015, os vereadores apresentavam comprovantes de viagens a Brasília e Belo Horizonte que nunca foram realizadas. Por isso, a operação, deflagrada em duas etapas, recebeu o nome de “Viagem Fantasma”.

O Ministério Público conduz ainda outras três investigações. A primeira aponta que os vereadores teriam camuflado a compra de produtos alimentícios e materiais de limpeza com dinheiro público para uso próprio e doação para eleitores.

A segunda tem como alvo uma suposta fraude nos holerites. A suspeita é de que os próprios vereadores aumentavam os valores dos salários, fraudando assim os holerites para ter uma margem maior de crédito em instituições financeiras. Assim, conquistavam financiamentos que eram pagos pelos cofres públicos.

A terceira apura denúncias de roubo de cheques da Câmara.

Todos esses crimes teriam contado com o suporte do ex-contador da Casa, Cleber Rocha, desligado no início do ano passado e preso no dia 28.