Samarco aumentou volume de rejeito após laudo de segurança, diz consultoria
Técnicos da VogBR, empresa responsável pelo laudo que atestou em julho de 2015, a segurança da barragem do Fundão da Samarco, disseram aos procuradores que investigam o caso, nesta quinta-feira (18), que o nível barragem estava quatro metros mais baixa do que, no momento, em que se rompeu.
Assim, teria havido um acréscimo de rejeitos durante os quatro meses após a emissão do laudo, o que poderia ter provocado o rompimento, segundo o advogado da VogBR, Leonardo Marinho, que acompanhou os depoimentos dos engenheiros da empresa.
“O número estava dentro do coeficiente de segurança em julho de 2015. Quatro meses se passaram até o rompimento da barragem. O laudo é retrospectivo e não avalia futuramente. Quando terminamos era em julho de 2015 e a barragem estava quatro metros mais baixa do que no momento do rompimento, ocorrido em novembro”, disse Marinho.
O coeficiente de segurança, nos locais analisados na barragem, era de 1,68 em julho do ano passado, ou seja, a índice estava acima do 1,5, valor mínimo exigido pela legislação.
“São realidades muito diferentes, pois nesses quatro meses ocorreram operações diárias, com alteamento e mais rejeitos sendo depositados”, afirmou.
O rompimento da barragem do Fundão provocou a morte de pelo menos 17 pessoas e uma onda de lama que atingiu mais de 30 cidades de Minas Gerais e Espírito Santo.
Sete pessoas foram ouvidas pelo Ministério Público Federal nessa quinta-feira (18), entre empregados da Samarco, da VogBR e da Pimenta D'Avila, responsável pelo projeto de construção de Fundão.
Outro lado
Em nota, no início da noite desta quinta-feira (18), a Samarco negou a informação e voltou a afirmar que “a barragem de Fundão sempre foi declarada estável”.
“Em nenhuma oportunidade, nos constantes monitoramentos, inspeções, avaliações, relatórios de consultorias especializadas internas ou externas houve qualquer advertência de que a operação da barragem estivesse sujeita a qualquer risco de ruptura”, afirmou a mineradora por meio de nota.
“O manual de operação da barragem sempre foi rigorosamente observado pela empresa”.
Na semana passada, o procurador da República José Adércio Leite Sampaio disse que deve oferecer denúncia contra os responsáveis pelo rompimento da barragem do Fundão num prazo de 60 dias.
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