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Substituto de secretário que defendia cura gay no Rio fez piada homofóbica

Melo assumiu a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos na quarta (17) - Rafael Andrade/Folhapress
Melo assumiu a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos na quarta (17) Imagem: Rafael Andrade/Folhapress

Do UOL, no Rio

19/02/2016 12h26

Depois da exoneração do secretário Ezequiel Teixeira (PMB-RJ) logo após ele se declarar favorável à "cura gay", a direção da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro se envolveu em uma nova polêmica. Empossado no cargo na quarta-feira (17), o deputado e ex-presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) Paulo Melo (PMDB-RJ) já fez declarações homofóbicas durante votações na Casa.

De acordo com o jornal "Extra", durante o seu terceiro mandato, em 1999, Melo fez piada sobre a possibilidade da existência de ex-gays durante a votação para tornar o grupo Arco-Íris (voltado para a causa LGBT) público. Em plenário, o deputado afirmou que "garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".

Favorável ao projeto, Melo contestava o deputado Wolney Trindade, que afirmou que "só vira ex-gay na Igreja Universal" e, segundo o jornal, disse: “Sr. Presidente, não gostaria de criticar. Penso que devemos acreditar na recuperação do ser humano em todos os níveis. Em alguns casos, exigem-se provas científicas. No interior, existe a prova da farinha. Se não passar pela prova da farinha de trigo, não há justificativa. Voto favoravelmente ao projeto, porque devemos investir em todas as propostas, mas garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".

Procurada pelo UOL, a secretaria disse que o deputado não irá comentar o caso. Melo assumiu a pasta na quarta-feira, após o governador Luiz Fernando Pezão exonerar Ezequiel do cargo.

Pastor evangélico, Teixeira assumiu a secretaria no dia 15 de dezembro do ano passado, substituindo a economista Teresa Cosentino. Desde então, o programa Rio Sem Homofobia, criado em 2007 pelo governo e ligado à secretaria, perdeu 65 dos seus 80 funcionários --mais de 75% da equipe. Os 20 que sobraram, segundo a assessoria do órgão, atendem apenas aos casos de emergência, como ameaças de morte e violência, "para não fechar as portas". O programa era considerado referência nacional no combate à homofobia.

De acordo com a pasta, os funcionários não foram demitidos, mas "liberados de irem ao trabalho, devido ao atraso no pagamento". Na prática, toda a base de assistência do programa foi desmantelada. Sem psicólogos, advogados e assistentes sociais, sobraram apenas os coordenadores.