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Greve de rodoviários em São Luís afeta 700 mil pessoas nesta terça-feira

Terminal de passageiros de Praia Grande, um dos principais de São Luís, ficou vazio nesta manhã devido à greve dos rodoviários - Gerson Protázio/Divulgação
Terminal de passageiros de Praia Grande, um dos principais de São Luís, ficou vazio nesta manhã devido à greve dos rodoviários Imagem: Gerson Protázio/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

23/02/2016 12h28

Passageiros de ônibus em São Luís enfrentaram dificuldades nesta terça-feira (23) devido à greve dos rodoviários. Motoristas e cobradores decidiram interromper o serviço na capital maranhense por conta do atraso no pagamento do adiantamento de 40% dos salários de março, que deveria ter sido feito pelas empresas de ônibus até o dia 20.

A decisão foi anunciada na última sexta-feira (19), depois que os funcionários souberam que o pagamento não iria ocorrer no dia seguinte. Ontem (22), os rodoviários pararam os ônibus por duas horas, entre as 16h30 e as 18h30, numa forma de advertência para pressionar os pagamentos, sem sucesso.

O transporte público em São Luís é feito por 23 empresas de ônibus e a cidade não possui sistema de transporte de trem ou metrô. A greve dos rodoviários afeta cerca de 700 mil pessoas por dia, segundo dados da secretaria municipal. Segundo o órgão, as três empresas que estão com os veículos circulando nesta terça-feira correspondem a 15% da frota de ônibus de São Luís.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão, Isaias Castelo Branco, apenas as viações Pelé, Pericumã e Trans Requinte efetuaram o pagamento e estão com os veículos nas ruas. “Há muito tempo que as empresas vêm atrasando o pagamento dos 40% de adiantamento de salário. O sindicato dava prazo e elas continuavam descumprindo. A situação se agravou, na semana passada, depois que os rodoviários foram informados que os empresários não iam pagar na data certa e a categoria decidiu entrar em greve.”

Conforme o sindicato, os salários devem ser pagos em duas partes: 40% até o dia 20 do mês trabalhado e 60% até o quinto dia útil do mês seguinte. Os salários dos rodoviários variam de acordo com a função, entre R$ 1.000 e R$ 1.200.

“O movimento é legal porque houve descumprimento de acordo de coletivo, está bem fundamentado. Na sexta-feira (19), os rodoviários anunciaram que iriam parar nesta segunda-feira (22), mas deram mais um prazo até hoje e o pagamento não foi feito até agora. A paralisação de advertência ocorrida ontem não afetou tanto os usuários porque foi feita antes do horário de pico, que é a partir das 18h30. A greve continua por tempo indeterminado”, disse a instituição.

O sindicato está reunido com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís para tentar chegar a um acordo. A reunião está sendo mediada pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte. Os dois sindicatos se reuniram, na semana passada, antes da greve, mas não chegaram a um acordo.

'Foi um caos'

Nesta terça-feira, usuários chegaram atrasados aos compromissos e tiveram de pegar táxis-lotação ou carona. Por volta das 6h30, o terminal de passageiros de Praia Grande, um dos principais da cidade, estava superlotado de passageiros à espera de transporte. Porém, por volta das 9h, o terminal ficou vazio e nenhum ônibus circulava pelo local.

O estudante de biologia Gerson Protázio, morador da Vila Industrial, zona rural de São Luís, precisava fazer um exame médico e teve de ir de carona. “Muita gente não teve a mesma sorte que eu em conseguir uma carona. Vi muitas vans oferecendo o transporte informal, com passageiros relatando insegurança nas paradas porque estavam sem os ônibus”, contou.

Na volta para casa, Protázio ficou no terminal de passageiros de Praia Grande por cerca de 40 minutos à espera de algum ônibus, mas nenhum passou pelo local. Ele foi então para a casa de uma tia, que mora no centro de São Luís, para voltar de carona para casa.

A comerciária Meirilandy Oliveira da Silva disse que pegou um táxi-lotação por R$ 5 para ir ao trabalho e, mesmo assim, chegou atrasada. "Foi um caos hoje para chegar aqui e o movimento na loja está fraco, quase sem cliente porque não tem transporte. Não sei como vamos fazer para voltar para casa hoje se os ônibus não voltarem a circular", disse.

O UOL entrou em contato com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís, na manhã desta terça-feira, mas o presidente, José Luis Medeiros, não estava no local para falar sobre a greve. A reportagem também telefonou para o celular dele, mas ninguém atendeu as ligações.