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Seis ônibus são atacados por criminosos em São Luís; policial é baleado

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

20/05/2016 01h25Atualizada em 20/05/2016 09h20

A cidade de São Luís e região metropolitana viveram um clima de insegurança na noite desta quinta-feira (19). Seis ônibus foram atacados, sendo quatro deles incendiados por criminosos --três no município de Paço do Lumiar, dois em São Luís e outro em Raposa. Em nenhum dos ataques houve vítimas.

Em outra ação ainda não esclarecida, um policial militar, que estava de folga, sofreu tentativa de homicídio em São Luís.

Sete acusados dos ataques aos coletivos foram capturados na madrugada desta sexta-feira, na região da Forquilha, ainda de posse de material inflamável, segundo polícia. O grupo é formado por quatro homens, duas mulheres e um adolescente. A identidade deles ainda não foi divulgada. Eles foram levados para a delegacia do bairro Cohatrac.

Apesar da polícia não confirmar se os ataques ocorreram a mando de presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o Batalhão Tiradentes, da Polícia Militar, informou que dois integrantes do grupo preso participaram dos incêndios ocorridos em 2014, que feriu quatro pessoas e matou uma menina de seis anos.

Os ataques daquele ano foram ordenados por presos ligados a facções criminosas que agem dentro dos presídios do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, localizado em São Luís.

A PM informou que o policial atacado, que não teve a identidade divulgada, levou dois tiros enquanto caminhava pelo residencial Nova Aurora, no Cohatrac.

O PM estava de folga quando sofreu o ataque. Testemunhas contaram que ele foi baleado por dois homens em uma moto. Ele foi socorrido para o Hospital Socorrão I, e o estado de saúde dele é estável, segundo a PM.

O serviço de inteligência da Polícia Militar investiga se os ataques e a tentativa de homicídio contra o policial têm ligações. "Ainda não se sabe se os ataques a ônibus foram feitos pelo mesmo grupo que tentou matar o policial. A polícia está nas ruas para garantir a segurança da população e investigando também de onde partiram os ataques", disse o soldado França Junior, do setor de relações públicas da PM.

Segundo a polícia, os incêndios a ônibus ocorreram nos bairros Cidade Operária, em São Luís, Jardim Tropical e Vila Roseana Sarney, em Paço do Lumiar, e Garrancho, em Raposa. Apesar da destruição dos veículos, não houve feridos, pois os ônibus estavam parados no ponto final das linhas. Outros dois ônibus foram atacados, no bairro Liberdade, em São Luís, e Vila Cafeteira, em Paço do Lumiar, mas não foram incendiados.

"Os ataques a ônibus foram feitos por pessoas que passaram e atearam fogo. As primeiras informações é que foram usadas motos e um carro, ainda não identificados, para os criminosos fugirem. Até agora nenhum suspeito foi preso", disse o policial.

Devido ao clima de insegurança, a frota de ônibus foi recolhida. O Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de São Luís informou que os ônibus voltam a circular a partir das 5h, desta sexta-feira. A diretoria do sindicato está reunida, desde as 8h, para definir se os ônibus vão ser recolhidos às 18h.

"Assim que soubemos dos ataques a ônibus, fomos até as garagens para orientar os trabalhadores a recolherem os veículos. Nesse momento de insegurança, temos que garantir a integridade de motoristas, cobradores e usuários do transporte público", informou o presidente do sindicato, Isaias Castelo Branco.

O governo do Maranhão destacou que há 17 meses não ocorriam ataques criminosos a ônibus em São Luís e região metropolitana porque “o Estado recuperou a sua autoridade sobre o sistema penitenciário”. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que as forças de segurança mobilizadas desde ontem e que continuarão nas ruas, inclusive no período noturno.

"Determinei as medidas necessárias e cabíveis para garantia da paz", disse o governador Flávio Dino, logo após concluir reunião com a cúpula da segurança nesta madrugada.

A secretaria pediu que a população não repasse mensagens de fontes não oficiais em aplicativos de celulares para não espalhar boatos. "Alertamos que uma das técnicas dos bandidos envolve a disseminação de pânico por mensagens falsas via aplicativo de trocas de mensagens (WhatsApp), exatamente para tentar mostrar força diante da firme ação do Estado”, destacou.

Insegurança

Em 4 de janeiro de 2014, quatro ônibus foram incendiados em São Luís e cinco pessoas ficaram feridas, dentre elas uma menina de seis anos, que morreu com 95% do corpo queimado. Os incêndios foram ordenados por presos integrantes de facções criminosas em retaliação à operação “Pedrinhas em Paz”, dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizada pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar).

Em novembro de 2013, depois de uma ação pente fino dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, moradores viveram dias de terror com uma série de ataques a ônibus, assaltos nos veículos, ataques a prédios públicos e incêndios em trailers da PM, que acabaram sendo desativados. Um policial reformado foi assassinado a tiros enquanto conversava com a namorada no bairro Maracanã. E outro, foi metralhado dentro do trailer da PM enquanto trabalhava sozinho no local.

Relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), divulgado em dezembro de 2014, apontou que o domínio de facções criminosas que agem dentro dos presídios maranhenses deixavam as unidades prisionais "extremamente violentas". Naquele ano, 60 presos foram assassinados dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. A maior parte das mortes tem relação com brigas entre as facções criminosas Bonde dos 40 - nome em alusão à pistola .40 - e PCM (Primeiro Comando do Maranhão), facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).