Cinco são presos no RS suspeitos de revender queijo vencido e contaminado
Um esquema criminoso de reaproveitamento de alimentos impróprios para o consumo foi descoberto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Dessa vez, empresários reutilizavam queijo vencido e contaminado para reintroduzi-lo ao varejo. Nesta manhã, uma operação envolvendo promotores, agentes da Receita, fiscais e polícia cumpriu cinco mandados de prisão e 18 de busca e apreensão em sete cidades do RS.
As investigações das promotorias de Justiça da Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor do RS apontaram diversas irregularidades em quatro laticínios da região norte do Estado e da serra gaúcha. Os municípios de Constantina, Sarandi, Tenente Portela, Antônio Prado, Carlos Barbosa, Canoas e Porto Alegre foram palco para o desencadeamento da Operação Queijo Compen$ado 3.
Laudos do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário), vinculado ao Ministério da Agricultura, indicaram a contaminação por bactérias da espécie staphylococcus, além de coliformes fecais em amostras de queijos fornecidas pelas empresas. As marcas investigadas são a Luza, da cidade de Constantina, a Valparadiso, de Carlos Barbosa, a Taurino Laticínios, de Tenente Portela, e a Latteria, de Antônio Prado. O queijo era vendido no Rio Grande do Sul e em São Paulo. A reportagem tentou contato telefônico com as empresas citadas, mas até a publicação desta reportagem, nenhuma delas retornou as ligações.
Segundo os promotores, amido de milho era adicionado no queijo para mascarar a presença de menos leite do que o exigido pelas normas da indústria. Além disso, as empresas também forneciam o produto vencido, estragado e sem procedência ao mercado, trocando os rótulos dos produtos por embalagens falsificadas. "O queijo estava em péssimas condições, até porque que já havia sido descartado. Mas era encaminhado novamente aos consumidores", afirmou o promotor Gerson Daiello.
Em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, os investigadores descobriram um ferro-velho utilizado como fachada para um laboratório irregular da Luza. No local, queijo estragado, sem condições de consumo, era reaproveitado. Sal grosso era adicionado para que o produto perdesse água, e o queijo era refeito. O produto voltava para o depósito, onde era embalado para ser transformado em queijo ralado e revendido aos supermercados com rótulos falsificados. Cerca de 1,2 tonelada de produto impróprio foi descartada apenas neste local. "Encontramos queijos vencidos, reutilizados ralados, com datas de validade apagadas e com novas validades. Queijos com coliformes fecais e outras contaminações", comentou o promotor Mauro Rockenback. À “Rádio Gaúcha”, um representante da empresa afirmou que todo o queijo produzido era inspecionado e possuía nota fiscal.
Já em Antônio Prado, um fiscal da vigilância sanitária da prefeitura foi flagrado em escuta telefônica avisando o dono de uma distribuidora investigada para que ele "limpasse" o prédio. Conforme o MP, o servidor ficou sabendo da operação e alertou o comparsa para que ele se livrasse do material estragado e das substâncias utilizadas para mascará-lo. O homem, que não teve a identidade revelada, responderá por prevaricação --crime cometido por funcionário público quando visando interesse pessoal.
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