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Em um ano, homicídio cresce 65% em área onde médica e PM foram mortos no RJ

Em 2015, cinco jovens foram assassinados por PMs no bairro da Pavuna. Mais de 50 tiros foram disparados contra o veículo em que as vítimas estavam - Fabiano Rocha/Agência O Globo
Em 2015, cinco jovens foram assassinados por PMs no bairro da Pavuna. Mais de 50 tiros foram disparados contra o veículo em que as vítimas estavam Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

27/06/2016 16h17

O número de homicídios dolosos (com intenção de matar) na área da Pavuna, bairro da zona norte carioca, cresceu 65% na comparação de janeiro a abril entre esse ano e o mesmo período do ano passado, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão da Polícia Militar do Rio de Janeiro. No último fim de semana, duas pessoas foram assassinadas na região: a médica Gisele Palhares Gouvêa e o PM Denilson Theodoro de Souza, que atuava na segurança do prefeito Eduardo Paes.

No primeiro quadrimestre de 2015, a delegacia do bairro, a 39ª DP (Pavuna), havia investigado 20 casos de homicídio doloso. Já entre janeiro e abril desse ano, foram 33 ocorrências. Também houve crescimento significativo do número de roubo de aparelho celular (165%) e furto de veículos (42%). Por outro lado, caíram os índices de tentativa de homicídio (35%) e roubo em coletivo (25%).

A violência na Pavuna tem sido frequente nos últimos anos, em especial pela ação de traficantes de drogas que atuam na área de Costa Barros, onde estão as favelas do Chapadão e da Pedreira. A região era o reduto da facção liderada por Celso Pinheiro Pimenta, o "Playboy", morto em setembro do ano passado. Playboy era um dos mais procurados do Estado.

Também no ano passado, houve em Costa Barros uma chacina que chocou o país: cinco jovens do morro da Lagartixa, parte do Complexo da Padreira, foram metralhados por policiais militares. As vítimas estavam em um carro e haviam saído juntos para pegar um lanche. No caminho, cruzaram com uma patrulha da PM que atirou mais de 50 vezes contra o veículo.

O UOL entrou em contato com a Polícia Militar, por e-mail e por telefone, nesta segunda-feira (27), e solicitou um posicionamento da corporação, além de informações sobre possíveis ações do 41º BPM (Irajá), batalhão responsável pela área. Não houve retorno até as 16h.

 

Disque-Denúncia pede informações sobre criminosos que mataram médica no Rio - Divulgação/Disque-Denúncia - Divulgação/Disque-Denúncia
Disque-Denúncia pede informações sobre criminosos que mataram médica no Rio
Imagem: Divulgação/Disque-Denúncia

Assassinada com tiro na cabeça

A médica Gisele Palhares Gouvêa, 34, foi assassinada com um tiro na cabeça em uma tentativa de assalto na noite de sábado (25). O carro da vítima foi abordado em um dos acessos à Linha Vermelha, na altura da Pavuna. Ela ainda chegou a ser socorrida em um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.

Gisele estava sozinha no veículo e retornava da inauguração do CAD (Centro de Acolhimento ao Deficiente) de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense. No município, ela trabalhava como diretora da Clínica da Família de Vila de Cava. O marido da médica, Renato Palhares, comparou o local onde ocorreu o crime com a faixa de Gaza.

"O problema não é chegar em Nova Iguaçu ou ficar na Barra [bairro da zona oeste carioca]. O problema é essa 'faixa de Gaza' que a gente infelizmente ainda tem aqui no Rio de Janeiro, que é Linha Vermelha e Linha Amarela", afirmou o marido da vítima. "Não dá para ficar andando de carro blindado".

A investigação está sendo conduzida pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense. Nesta segunda-feira (27), o Disque-Denúncia divulgou um cartaz pedindo à população informações para que os suspeitos sejam identificados e localizados pela Polícia Civil. O contato deve ser feito com o Disque Denúncia por meio da central telefônica: 21 2253-1177. O serviço também possui canais digitais como WhatsApp e Telegram (21 96802-1650), além da página do Portal dos Procurados no Facebook.

No domingo (26), o tenente da Polícia Militar Denilson Theodoro de Souza, 49, foi morto a tiros após reagir a uma tentativa de assalto. A vítima trabalhava como segurança do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). O crime ocorreu depois que ele reagiu a uma tentativa de assalto, por volta das 6h, na rua Sargento Antônio Ernesto. Ele foi baleado na cabeça e no braço.

Souza chegou a ser encaminhado para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio (zona norte), onde ficou internado. Ele foi abordado pelos criminosos a cerca de dez quilômetros de onde a médica Gisele Palhares Gouvêa foi morta, 11 horas antes. O tenente estava na polícia há 29 anos e trabalhava na equipe de segurança de Paes desde 2012. A vítima era casada e tinha dois filhos, um menino de 16 anos e uma menina de nove.