Suspeito de matar família na Espanha nega crime ao depor na Polícia Federal
O estudante François Patrick Gouveia, 19, apontado pela Guarda Civil da Espanha como suspeito de ser o autor da chacina que vitimou o tio, a mulher e os dois filhos do casal no povoado de Pioz, na região de Madri, prestou depoimento sobre o caso na Polícia Federal em João Pessoa (PB), na última sexta-feira (30). Segundo a defesa, ele nega o crime.
Entretanto, a família da vítima Janaína Diniz Américo, 39, suspeitava do acusado como autor da chacina.
Durante a oitiva, o jovem cedeu material genético (saliva) à polícia, caso as autoridades espanholas solicitem ao Brasil cooperação de investigação do crime e precisem comparar com o DNA encontrado nos restos mortais da família assassinada na Espanha.
Os paraibanos Marcos Campos Nogueira, 39, e a mulher, Janaína Santos Américo, 39, foram encontrados esquartejados dentro de sacos plásticos na casa onde moravam no povoado de Pioz no dia 18 de setembro. Os filhos do casal, um menino de um ano e uma menina de quatro anos, também foram assassinados, mas não tiveram os corpos cortados em pedaços. A família foi encontrada morta, após vizinhos sentirem forte odor saindo da residência deles e acionarem a polícia.
Nesta quarta-feira (5), a Guarda Civil da Espanha descreveu o suspeito do crime com perfil “psicopata, narcisista e com falta de apego à vida humana". Gouveia morou com a família por quatro meses na Espanha, na região de Torrejón de Ardoz, antes dos tios se mudarem para Pioz.
Gouveia estava com passagem aérea marcada para voltar ao Brasil no dia 16 de novembro, mas chegou ao Brasil dois dias depois da chacina ser descoberta pela polícia, no dia 20 de setembro em voo da TAP, que saiu de Lisboa para Recife, com escala no Rio de Janeiro.
O jovem alega que antecipou a volta ao Brasil com medo de também ser assassinado, apesar de nunca ter recebido ameaças de morte na Espanha. Gouveia estava na Espanha tentando ser jogador de futebol em algum time da Europa.
“Ele [François Patrick Gouveia] nega veementemente o crime e voltou ao Brasil com medo de ser assassinado, já que sua família na Espanha foi dizimada. Ele não tinha contato com os tios desde que eles se mudaram, em julho, e não informaram o endereço que estavam residindo. Marcos tinha muitas dívidas e por isso se mudava constantemente de endereço”, afirma o advogado Eduardo de Araújo Cavalcanti, em entrevista ao UOL nesta quarta-feira.
Depoimento
O conteúdo do depoimento de Gouveia é mantido em sigilo pela Polícia Federal, pois a polícia brasileira está seguindo os mesmos parâmetros das autoridades espanholas, que mantém o caso está em segredo de Justiça. Apesar de a polícia ter colhido o depoimento dele e de outros familiares em João Pessoa, não há investigação aberta sobre o caso no Brasil.
Até o momento, as autoridades da Espanha não pediram apoio nas investigações do crime. Porém, a polícia brasileira informou que se antecipou em colher depoimentos do sobrinho suspeito do crime e de outros familiares do casal. A PF disse ainda que não recebeu nenhum comunicado da Espanha sobre expedição de mandado de prisão contra Gouveia e, por isso, ele não foi detido quando prestou depoimento.
O advogado do suspeito destacou a Polícia Federal tem o endereço em que ele se encontra em João Pessoa e, se for intimado, está à disposição da polícia para se apresentar novamente. Segundo Cavalcanti, a família de Marcos deverá contratar um advogado na Espanha, pois as informações que eles têm são as publicadas em sites da Espanha, nada oficial das autoridades. A família de Marcos cobra elucidação no caso.
“Um crime tão brutal fica difícil saber a motivação e Patrick não imagina o que pode ter acontecido com os tios. A família deverá contratar um advogado na Espanha porque precisamos ter acesso às investigações para saber o que aconteceu. Até agora, nenhuma autoridade espanhola entrou em contato com a família aqui”, disse o advogado.
Em entrevista à imprensa da Paraíba, familiares de Janaina Américo disseram que o casal não tinha inimigos e negou que eles viviam se mudando porque estavam se escondendo de credores. O UOL entrou em contato com os familiares de Janaina, na tarde desta quarta-feira, mas até a publicação deste texto, ninguém retornou às chamadas telefônicas e nem mensagens no WhatsApp.
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