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Ao som do Hino Nacional, policiais desocupam a Alerj e saem de mãos dadas

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

08/11/2016 16h46Atualizada em 08/11/2016 18h50

Os cerca de 50 policiais civis e militares, além de bombeiros e agentes penitenciários, que ocupavam o plenário da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) na tarde desta terça-feira (8) deixaram o prédio por volta das 16h50. Os manifestantes saíram pela porta da frente, de mãos dadas, ao som do Hino Nacional, cantado pelas pessoas que estavam do lado de fora da Casa.

Mais cedo, os policiais haviam dito que só deixariam o local após o presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), se comprometer a atender a duas exigências: o arquivamento dos projetos que autorizam o pacote de austeridade do governo estadual e a abertura de processo de impeachment contra o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

A manifestação ocorreu após o envio ao Legislativo estadual, na última sexta (4), de um plano de cortes de gastos composto de 22 de projetos de lei, entre eles iniciativas impopulares como a elevação da contribuição previdenciária de servidores ativos, inativos e pensionistas para 30% dos salários.

Os manifestantes pedem impeachment do governador pelo crime de dano ao erário público –ou seja, dano aos bens e patrimônios do Estado.

Durante a ocupação, a reportagem do UOL circulou pelos corredores da Casa e não encontrou nenhum deputado estadual presente.

Por meio de nota, Picciani (PMDB) afirmou que a invasão do prédio é "um crime e uma afronta ao estado democrático de direito sem precedentes na história política brasileira" que deve ser "repudiado".

"Esse é um caso de polícia e de Justiça, e não vai impedir o funcionamento do Parlamento. No dia 16 iniciaremos as discussões das mensagens enviadas à Alerj pelo Poder Executivo. Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados", afirmou o deputado.

Também em nota, a Polícia Civil informou que irá abrir um inquérito para investigar o crime de dano ao patrimônio público ocorrido durante o ato. "Diligências estão em andamento para identificar os autores na extensão dos danos causados", afirma o texto, encaminhado pela assessoria de imprensa da corporação.

Protesto

"Cada um de nós é um Tiranossauro rex. Não vai ter essa história de pacificação", dizia um policial militar, do alto de um carro de som, momentos antes da invasão.

Se mexer no meu salário, vai dar ruim

Policial militar

"Quem encara bandido de fuzil não tem medo de bandido de terno", completou outro, também ovacionado.

A segurança da Alerj chegou a pedir reforço de policiais do Batalhão de Choque para reforçar o trabalho de dezenas de policiais militares que faziam a segurança e impediam a entrada dos manifestantes no Palácio Tiradentes. Os participantes do ato se dirigiram aos colegas em serviço dizendo que não haveria "guerra" e que eles deveriam "virar de costas". O comandante de um grupamento foi visto pedindo calma aos colegas que protestavam.

Viúva de um policial militar, a pensionista Patrícia Navega, 42, levou um banner com a foto e um pedido de "socorro" ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. "O Governo do RJ quer matar a Segurança Pública com o pacote da maldade! Não vamos pagar a conta de um governo incompetente! Basta de covardia e impunidade! Impeachment já!", dizia o cartaz.

Estamos sendo humilhados.

Viúva de policial militar

"A pensão está atrasando há meses e já estou com várias restrições no CPF. A gente vive na instabilidade, pagando contas com juros", disse Patrícia, que disse que precisar "de um juiz que faça uma 'lava-jato' nesse governo imundo".