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Avenida Paulista e rua Augusta lideram ranking de vias com mais roubos em SP

A avenida Paulista é também uma das vias com movimento mais intenso da região central da cidade - Eduardo Anizelli/Folhapress
A avenida Paulista é também uma das vias com movimento mais intenso da região central da cidade Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Léo Arcoverde

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/11/2016 01h00

Com 305 roubos registrados no primeiro semestre deste ano (uma média de 51 casos a cada mês), a avenida Paulista, na região central de São Paulo, é a via campeã de assaltos da cidade.

Ela é seguida por um de suas mais conhecidas ruas transversais, a Augusta, com 298 roubos contabilizados entre janeiro e junho de 2016. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

De acordo com as informações disponibilizadas pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o ranking das dez vias com mais casos classificados pelas polícias como roubo a transeunte (como assaltos a pedestres ou a ciclistas, por exemplo) é uma combinação de locais de movimento intenso situados na região central com avenidas extensas que cortam bairros da periferia da capital paulista.

A terceira colocada do ranking, por exemplo, é a praça da República, com 278 assaltos registrados no primeiro semestre. Abaixo dela, vem a avenida Sapopemba, que corta vários bairros da zona leste de São Paulo, com 256 ocorrências contabilizadas no período. Esses números não incluem eventuais crimes ocorridos no trecho dessa via localizado em outras cidades da Grande São Paulo.

Já a quinta posição é ocupada por outra via extensa da zona leste, a Marechal Tito, com 223 roubos entre janeiro e junho deste ano (veja detalhes do restante do ranking no quadro abaixo).

Mudança no policiamento

Na avaliação do major da Polícia Militar da reserva e consultor na área de segurança Diógenes Lucca, o fato de o ranking ser inteiramente ocupado por vias extensas e com grande fluxo de pessoas durante várias horas do dia não impede uma atuação específica da polícia para inibir a ação dos ladrões.

Nas palavras do especialista, “é hora de fazer mais com menos”. “Em locais como a avenida Paulista, por exemplo, a Polícia Militar deveria adotar um policiamento preventivo que combine o trabalho ostensivo, com homens fardados, com um efetivo com trajes civis, à paisana, para atuar em pontos estratégicos em meio à multidão”, explica Lucca.

De acordo com o consultor, até mesmo informar a população sobre esse tipo de atuação, com faixas ou cartazes, ajudaria a inibir assaltantes. “Os ladrões oportunistas atuam onde há o menor risco de serem presos. Com esse tipo de atuação, logo após as primeiras prisões eles migrariam para outro lugar.”

Segundo Lucca, para que esse tipo de trabalho seja feito, não é necessária a contratação de mais policiais por parte do governo, mas sim um remanejamento de homens da corporação de funções que não são de competência da PM, como a escolta de presos, por exemplo.

Dados oficiais da SSP apontam que os roubos em toda a cidade cresceram 4% entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2015. Em número de ocorrências, o salto verificado no período foi de 114.437 para 119.063.  Segundo a pasta, os assaltos têm crescido em vários outros Estados do país, e isso se deve à crise econômica.

Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública disse, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que as investigações da Polícia Civil resultaram na prisão de 70 pessoas na região da avenida Paulista somente no primeiro semestre. No período, diz a pasta, 603 crimes contra o patrimônio foram esclarecidos.

Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada pela pasta:

A SSP esclarece que a reportagem aponta dados de locais com grande circulação de pessoas, como as praças da Sé, República e avenida Paulista, além de vias extensas, como a avenida Sapopemba, que possui 45 km em sua totalidade. Isso, naturalmente, favorece que estejam entre os lugares com maior número de registro. 

As investigações da Polícia Civil na av. Paulista e região resultaram na prisão de 70 pessoas em flagrante por crimes contra o patrimônio, o que esclareceu 603 ocorrências de crimes contra o patrimônio apenas no primeiro semestre. Somente nesses flagrantes, foram apreendidos mais de 7.000 objetos, entre eles 31 aparelhos celulares.

No mesmo período, na República, foram presas 99 pessoas, tendo sido apreendidos 360 mil objetos, 310 aparelhos celulares e cinco armas de fogo. Na Sé, a prisão em flagrante de 228 pessoas resultou na apreensão de mais de 49 mil objetos, quatro armas de fogo e 1.593 celulares. Já na av. Cruzeiro do Sul, 196 casos foram esclarecidos com a prisão em flagrante de 74 pessoas, com as quais foram apreendidos 565 mil objetos. Na av. Marechal Tito, foram realizados dois flagrantes, além de outros três nos arredores da via. 

Em toda a capital, foram presas 34.883 pessoas em flagrante nos primeiros nove meses do ano, além de 3.318 armas apreendidas. O policiamento preventivo é planejado a partir da análise de diversos aspectos, entre eles o número de moradores, população flutuante, peculiaridades geográficas, além da incidência criminal.