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Em vídeo, recrutadores têm reações diferentes diante de negros e brancos

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

17/11/2016 18h49

A reação de profissionais de recrutamento ao avaliar fotos de negros e brancos, gravada em um vídeo, está provocando discussões nas redes sociais sobre o racismo. 

Em uma sala de reunião, funcionários de RH (Recursos Humanos) devem opinar sobre quem são ou o que fazem as pessoas das fotografias. Nas imagens, negros e brancos executam as mesmas tarefas. No entanto, as impressões dos recrutadores mudam de acordo com a raça do modelo da foto.

No caso de uma mulher branca limpando uma bancada, os recrutadores avaliam que é alguém cuidando da própria casa. Mas uma mulher negra, que aparece na mesma situação, é considerada faxineira. Outro exemplo é de homens vestidos de terno. Na foto em que aparece um modelo branco, ele é tratado como um profissional de finanças ou de RH. Já o negro é considerado como um segurança de shopping.

O experimento, feito pelo governo do Estado do Paraná, está fazendo sucesso nas redes. A campanha reflete o racismo dentro das instituições: afrodescendentes são a maioria dos desempregados (60%) e ganham 36% a menos do que os brancos.

O vídeo, com mais de 1,8 milhão de visualizações na internet, faz parte de uma campanha contra o racismo do governo paranaense. De acordo com o secretário de Juventude, Edson Lau Filho, o produto está sendo veiculado em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo domingo (20).

Lau diz que o experimento, chamado de teste de imagem, ocorreu em 10 de novembro em uma empresa de RH, em Curitiba. Os profissionais de recrutamento foram divididos em dois grupos e emitiram opiniões espontâneas às imagens apresentadas por um mediador.

Usuários de uma rede social desconfiaram da veracidade do experimento. "Galera, show de bola a campanha, porém me pareceu bastante forçado, na minha modesta opinião, foi combinado (sic) os comentários, mas tudo bem", escreveu um deles no Facebook.

Alguns internautas usaram o vídeo para provocar o próprio governo do Estado. "Agora falta aplicar isso no governo do Paraná. Quantos por cento dos funcionários das altas cadeiras desse governo são negros? Quantos secretários são negros? Não adianta só falar, tem que fazer!", afirmou um usuário do Facebook. 

Edson Lau, que é negro, disse que a campanha é um "tapa na cara" da sociedade que oculta o racismo. Ele confirma que é o único secretário negro do governo de Beto Richa (PSDB). "Um terço da população do Paraná se autodeclara negra e são poucos os quem ocupam cargos importantes de trabalho", comentou.