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Fim de semana de violência em Porto Alegre tem menino baleado e 25 mortos

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

19/12/2016 14h57

Uma criança de sete anos foi baleada por policiais militares no bairro Partenon, zona leste de Porto Alegre (RS), na madrugada desta segunda-feira (19) após um homem tentar atropelar os PMs durante uma abordagem. O suspeito jogou o veículo que dirigia em direção aos policiais depois de receber ordem para parar em uma barreira.

Os policiais efetuaram um disparo de arma de fogo e atingiram um menino de sete anos que estava no carro. A criança foi encaminhada para atendimento no Hospital da PUC e seu estado de saúde não foi informado oficialmente. A mãe do garoto, que também estava no carro, não ficou ferida. 

Segundo a Brigada Militar (BM), o homem era padrasto do menino e estava dirigindo uma caminhonete Santa Fé que foi roubada no domingo (18). Ele tem uma vasta ficha criminal por roubo e receptação, por isso foi levado sob custódia para a 2ª Delegacia de Prontoatendimento de Porto Alegre, para prisão em flagrante.

Fim de semana violento

O caso fechou um dos fins de semana mais violentos de Porto Alegre em 2016 – a cidade vive uma crise na segurança pública que se agravou durante o ano. Foram 25 homicídios na região metropolitana desde a meia-noite de sexta-feira (16) e mais nove mortes por acidentes de trânsito.

Em Alvorada, uma jovem de 21 anos morreu esfaqueada na noite deste domingo no bairro Umbu, um dos mais violentos da cidade, dentro de casa. O crime ocorreu depois das 23h e, segundo a BM, ela não tinha antecedentes criminais. O autor do ataque ainda não foi identificado.

Em Gravataí, um casal foi morto a tiros na madrugada desta segunda-feira dentro de um bar no bairro Rincão. De acordo com a BM, homens encapuzados entraram no bar e atiraram contra a mulher, de 68 anos, e o homem, de 45 anos, que não tinham antecedentes criminais. Até o momento, a motivação do crime é desconhecida.

Em Canoas, um homem foi morto com oito tiros na noite de sábado por um matador que fugiu de carro da cena do crime. Não há suspeitos.

Em Portão, outro homem com passagens por tráfico e lesão corporal foi morto por dois homens a bordo de uma moto. A mulher que estava com a vítima não ficou ferida.

Crise de segurança do RS

Este foi o segundo fim de semana mais violento de 2016 – na primeira semana de setembro houve 33 homicídios na região. O levantamento não é oficial, pois desde o final de 2015 o governo do Estado divulga estatísticas de crimes uma vez apenas a cada semestre. 

No último balanço, publicado em agosto pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), o número de latrocínios (roubo seguido de morte) avançou 35% em um ano – passando de 66 registros entre janeiro e junho de 2015 para 89 casos nos primeiros seis meses deste ano. Se for considerada a série histórica, iniciada em 2003, é o maior índice de latrocínios já registrado no RS. Em Porto Alegre, segundo os dados da SSP, um carro foi roubado por hora em 2016.

Outros indicadores também tiveram altas significativas, entre eles o roubo com arma. A modalidade alcançou quase 45 mil registros no Rio Grande do Sul em seis meses, o que representa 245 assaltos por dia no Estado. Em compensação, crimes menos violentos, como furto comum, tiveram seus registros reduzidos em 2016.

Desde o final de agosto o Rio Grande do Sul conta com reforço da Força de Segurança Nacional – cerca de 180 homens atuam nas cidades da região metropolitana e devem ficar no Estado por tempo indeterminado. Um gabinete de crise foi criado, com a coordenação do vice-governador José Paulo Cairoli (PSD).

Uma das medidas foi a demissão do secretário de Segurança, Wantuir Jacini, substituído pelo ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer. Os índices de violência, entretanto, não cederam.

Assim como todo o funcionalismo público estadual, os servidores da segurança estão com os vencimentos parcelados desde fevereiro e não há perspectiva para pagamento do 13º salário.