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Após demorar 3 dias para falar sobre Manaus, Temer lamenta massacre em Roraima

Andressa Anholete/AFP
Imagem: Andressa Anholete/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/01/2017 14h58Atualizada em 06/01/2017 19h18

O Palácio do Planalto divulgou nota na tarde desta sexta-feira (6) sobre o massacre ocorrido na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, que resultou na morte de 31 presos.

A manifestação do presidente Michel Temer ocorre horas após o fato, diferente da forma que o governo lidou com as mortes de presos no Amazonas, quando Temer falou sobre o assunto três dias depois do episódio.

O comunicado informa que Temer telefonou hoje para a governadora de Roraima, Suely Campos, "colocando todos os meios federais à disposição para auxiliar em ações de segurança pública". Segundo o documento, o presidente "lamentou o episódio e se solidarizou com o povo do Estado".

Ao menos 31 presos foram encontrados mortos na manhã de hoje na unidade prisional que fica localizada na zona rural da capital de Roraima. De acordo com o governo estadual, que administra a unidade, o caso foi registrado por volta das 2h30 (4h30 no horário de Brasília). A penitenciária é a maior do Estado.

Roraima - Fábio Calilo/Roraima em Tempo - Fábio Calilo/Roraima em Tempo
Carro do IML (Instituto Médico Legal) chega à PAMC (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), em Boa Vista, para retirar os corpos de presos mortos na unidade prisional
Imagem: Fábio Calilo/Roraima em Tempo

Segundo a assessoria do governo, os próprios detentos provocaram as mortes durante uma briga que envolveu detentos ligados ao Comando Vermelho e ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção mais numerosa na penitenciária. A maior parte das vítimas foi decapitada.

Temer se pronuncia três dias após massacre

No caso das mortes de presos ocorridas em Manaus, Temer só se pronunciou sobre o tema três dias depois do massacre. O presidente classificou o acontecimento como "acidente pavoroso".

Na manhã de quinta-feira (5), Temer lamentou o "terrível episódio". "Quero me solidarizar com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus. Nossa solidariedade é governamental", disse.

O uso da palavra "acidente" foi alvo de críticas por parte de entidades ligadas ao direitos humanos. Em resposta, na tarde do mesmo dia, Temer escreveu em seu perfil no Twitter sinônimos da palavra acidente. "Sinônimos da palavra 'acidente': tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade".

Superlotado, presídio de Manaus foi cenário de massacre

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Ajuda federal

Ao conversar por telefone com a governadora de Roraima, Temer ofereceu ajuda federal após as mortes de presos. Segundo a nota divulgada pelo Palácio do Planalto, Suley Campos "informou que a situação já se encontra sob controle e, neste momento, não será necessária a presença federal".

O apoio disponibilizado hoje pelo governo federal foi, no entanto, negado em novembro do ano passado. Em um ofício enviado no dia 21 de novembro, o governo de Roraima pediu ajuda "em caráter de urgência", solicitando o envio ao Estado de homens da Força Nacional para reforçar a segurança no sistema prisional.

Em resposta ao pedido de socorro, o ministro informou, por meio de ofício, que "apesar do reconhecimento da importância do pedido de Vossa Excelência, infelizmente, por ora, não poderemos atender ao seu pleito".

No documento, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que "a Força Nacional de Segurança Pública encontra-se em fase de preparação para operação de enfrentamento de homicídios e violência doméstica, cujo plano está em desenvolvimento neste Ministério, destinando, a priori, a atuação nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal". (Com Estadão Conteúdo)