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Em dia de agricultor, Crivella altera rota por causa de barricada do tráfico

Crivella foi até a favela de Manguinhos para conhecer a horta comunitária da comunidade - Hanrrikson de Andrade/UOL
Crivella foi até a favela de Manguinhos para conhecer a horta comunitária da comunidade Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

06/01/2017 14h00

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), cumpriu agenda nesta sexta-feira (6) na favela de Manguinhos, na zona norte da capital fluminense, onde há constantes conflitos por conta da ação de traficantes de drogas. Ele esteve no local para conhecer a horta comunitária da comunidade. Durante a visita, Crivella, que estava acompanhado da mulher, do filho e de sua equipe, foi obrigado a mudar a rota de passagem, pois havia uma barricada do tráfico nos arredores.

Apesar da medida de segurança, Crivella demonstrou tranquilidade. "O prefeito tem que contar muito com a sua equipe de segurança. Não pode prescindir também da sua fé em Deus. Eu tenho certeza que não vai acontecer nada, não", declarou. "Não tem esse problema todo aqui, não. Olha aí: entrei e saí e não deu problema nenhum."

Após a mudança de rota, vários policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) de Manguinhos passaram a fazer a escolta da comitiva do prefeito. Até então, Crivella caminhava apenas sob proteção de sua equipe de seguranças. Os PMs se posicionaram em vielas próximas e no acesso ao local conhecido como campinho, onde está situada a horta comunitária. Na manhã de hoje, segundo relatos de moradores, houve tiroteio na comunidade.

As favelas que formam o chamado Complexo de Manguinhos possuem UPPs, mas nos últimos anos houve uma retomada da violência na região, impulsionada pela atuação livre de traficantes de drogas. Com a crise no Estado, a situação piorou. Apesar do cenário desfavorável, Crivella não hesitou em percorrer as ruas e becos da comunidade, além de parar para conversar e tirar fotos com moradores.

Uma das reclamações que o prefeito mais ouviu em Manguinhos foi a respeito do rio Faria Timbó, que atravessa a região. Moradores reclamam que basta uma chuva mais forte para o rio transbordar e invadir casas e barracos. "Na minha mãe, enche direto. Se o senhor for na casa dela, vai ver tudo estourado" afirmou um homem, interrompendo a entrevista que o político concedia à imprensa.

"A gente precisa do rio. Não desmerecendo a horta. A comunidade precisa da dragagem do rio. É disso que a gente precisa", completou ele, que optou por não se identificar. "Vamos fazer isso. Já trouxe o secretário para ver isso. Vamos dragar esse rio", respondeu Crivella. O secretário mencionado pelo prefeito é Rubens Teixeira, titular da pasta de Conservação e Meio Ambiente. Ele assumiu compromisso de retornar a Manguinhos ainda hoje, às 15h, para dar início aos estudos de dragagem.

Crivella Mandioca - Hanrrikson de Andrade/UOL - Hanrrikson de Andrade/UOL
Crivella colhe mandioca ao lado da primeira-dama, Sylvia Jane, em Manguinhos
Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL
Sobre o projeto das hortas comunitárias, Crivella afirmou que a ideia do governo é comprar alimentos produzidos pela população, sobretudo nas favelas cariocas, para abastecer as escolas da rede municipal. "Uma das nossas boas iniciativas são as hortas. As hortas comunitárias produzem coisas que o nosso povo gosta, como aipim. Aipim é consumido desde a época que os portugueses chegaram aqui. As nossas escolas municipais, são 1.500, vão passar a comprar alimentos das hortas comunitárias para a merenda escolar."

"É bem verdade que as nossas crianças ainda não estão bem adaptadas para comer salada todo dia, o que seria ideal. Mas a sopinha com o pão é sempre bem-vinda. É a sopinha com pão poderá ter, claro, os seus legumes e as suas verduras produzidas em hortas comunitárias", completou.

Tarifa de ônibus

Questionado se a tarifa de ônibus na cidade deve ou não sofrer reajuste, como previsto em contrato, o prefeito afirmou descartar uma previsão, mas que não haverá aumento até que as empresas negociem com a administração municipal a instalação de ar-condicionado em toda a frota e a total adequação às demandas que não foram cumpridas.

"Não há previsão sobre aumento da tarifa de ônibus. Esperamos que o governo do Estado adote o mesmo princípio com trens e metrô. Vivemos em um Rio com 210 mil desempregados e essas pessoas vão esperar oito meses para conseguir uma nova colocação. É a média de tempo que se gasta para conseguir um novo emprego. Nesse período, o preço da passagem é terrível porque a pessoa tem que sair de casa para buscar emprego. Se tiver aumento na tarifa, vai prejudicar a mobilidade desse povo."