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Todos os mortos em rebelião no RN foram decapitados ou carbonizados

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Fumaça preta sai do presídio durante a briga entre facções
Imagem: AFP

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/01/2017 20h40

Quase todos os corpos dos 26 presos assassinados dentro do presídio de Alcaçuz, durante rebelião neste sábado (14), foram decapitados; com exceção de dois carbonizados.

"Pela perícia, todos foram decapitados. Um corpo carbonizado não foi possível identificar ainda. Todos ainda tinham marcas de objetos perfuro-cortantes; nenhum aparente com marca de tiro", disse Marcos Brandão, coordenador do Instituto Técnico-Científico de Perícia.

"O cenário foi de barbárie. Tivemos uma rebelião de 14 horas, eram corpos decapitados, muita destruição", completou o secretário de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino da Silva Ferreira.

Alguns cadáveres foram encontrados dentro de uma fossa em frente ao Pavilhão 4 de Alcaçuz, onde a maioria dos apenados foi morta. Nele, cerca de 200 homens circulavam soltos, pois as celas estão destruídas desde março de 2015.

15.jan.2017 - Corpos são escavados da areia do presídio de Alcaçuz após briga entre facções terminar com ao menos 27 detentos mortos próximo a Natal (RN) - Andressa Anholete/AFP - Andressa Anholete/AFP
Corpos são escavados da areia do presídio de Alcaçuz
Imagem: Andressa Anholete/AFP

Segundo o Itep, devido ao estado dos corpos, serão necessários 30 dias para fazer a identificação precisa dos corpos.

"Contratamos uma carreta para acondicionar os corpos a -10ºC e garantir a conservação. Foi montada uma estrutura com tendas, assistentes sociais e psicólogos para receber os familiares, que vão ajudar a identificar as vítimas", disse Brandão.

Neste domingo, quatro delegados e 15 agentes participaram da perícia. Todos os corpos já foram recolhidos. Um inquérito foi instaurado e vai ser comandado por uma força-tarefa de delegados para saber os autores dos crimes.

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Presos do pavilhão 5 invadiram o pavilhão 4 para matar rivais
Imagem: AFP

Reforço

O governo do Rio Grande do Norte informou ainda que reforçou a segurança na noite deste domingo (15), com apoio da Força Nacional, nas imediações do presídio de Alcaçuz.

Segundo o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Caio Bezerra, o policiamento foi reforçado na área interna e no perímetro externo.

"Vamos também reforçar as posições da polícia nas guaritas. O período noturno exige bastante atenção, cuidado. Vamos atuar para que sejam mantidos os presos em seus respectivos lugares, impedindo que grupos rivais entrem novamente em conflito", assegurou.

"Vamos trabalhar com apoio da Fora Nacional, ampliando o perímetro de atuação e prevenir fugas", completou o secretário.

Durante a revista feita nesse domingo, Caio informou que foram encontradas armas de fogo artesanais. Uma nova varredura será feita na manhã desta segunda-feira (16).

 

Informações e fuga

Segundo o secretário de Segurança, as informações mais precisas sobre o clima dentro do presídio foram repassadaS por um detento que escapou na manhã do sábado, mas foi recapturado em seguida.

"Tivemos só essa fuga ontem, mas [o preso] rapidamente foi recapturado, e através dele que tivemos noção exata do que estava acontecendo lá dentro", disse, negando outras fugas no local.

O secretário de Justiça e Cidadania, porém, reclamou das condições do presídio e disse como não há como manter 100% da segurança dentro das unidades. Segundo ele, o Rio Grande do Norte não possui presídios com acomodações ideais para receber presos.

"Fui lá e encontrei no mínimo três buracos no pé do muro. Isso não é culpa minha, nem do secretário Caio. O presídio está num local inadequado, e o Estado paga o preso. Nenhum presídio tem o que determina a lei, não só aqui, mas em todas as capitais do país, exceto os presídios federais", disse.