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Sem salário, bombeiros no Rio podem pedir carona aos batalhões para ir trabalhar

16.nov.2016 - Bombeiros nas escadarias da Alerj durante protesto de servidores  - Mauro Pimentel/Folhapress
16.nov.2016 - Bombeiros nas escadarias da Alerj durante protesto de servidores Imagem: Mauro Pimentel/Folhapress

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

16/01/2017 18h10

Ainda sem previsão para o recebimento do salário de dezembro e do 13º, os bombeiros do Rio de Janeiro foram autorizados a solicitar “carona” ao comando de seus batalhões para ir para o trabalho.

A decisão, publicada no dia 9 de dezembro, é válida toda vez que a data do depósito do pagamento ultrapassar os 30 dias, caso de janeiro. De acordo com a corporação, “a medida foi tomada com o objetivo de manter a operacionalidade do CBMERJ no atendimento à população”.

Para ter acesso à carona, o agente deve apresentar uma declaração dizendo que não tem condições financeiras de arcar com as passagens e avisar com 24 horas de antecedência. O comando, por sua vez, deve enviar um carro até a casa do profissional para levá-lo ao trabalho.

“Não se endivide para se deslocar até o seu quartel. Todo trabalhador é digno de seu salário. Como o Estado não honra com seus compromissos, que o mesmo, através do CBMERJ, providencie meios para que os bombeiros possam chegar e regressar em seu dia de trabalho nas unidades que são lotados”, afirma a organização SOS Bombeiros, ao apresentar um modelo da declaração.

A decisão também veta as convocações extraordinárias que não tenham caráter emergencial e permite a troca da escala 24h x 72h --em que o profissional trabalha 24 horas e folga três dias--, pela escala 48h x 144h --em que se trabalha dois dias direto e se folga seis--, “observando as condições físicas e psicológicas dos militares interessados”.

A Secretaria de Fazenda informou que o salário de dezembro dos servidores da Segurança Pública deve ser depositado até o fim da semana, mas não soube informar quando o restante dos servidores irá receber. Até o momento, apenas os professores tiveram o 13º, pago com recursos do Ministério da Educação, depositado.

Na noite desta segunda-feira (16), policiais civis e agentes penitenciários se reúnem em assembleia para definir quais serão as medidas tomadas frente ao não pagamento dos salários.

Em novembro, os servidores da segurança engrossaram o ato do Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais) e, junto aos demais servidores, chegaram a invadir a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro durante a votação do pacote de austeridade enviado à Casa pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Em crise, o Estado declarou calamidade financeira na metade do ano passado e agora estuda formas de cobrir o rombo previsto de 19,3 bilhões para 2017. Entre as possibilidades analisadas pelo governo, estão um plano de demissão voluntária e a possibilidade de redução de jornada de trabalho dos servidores com redução salarial, medida que depende de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).