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Não dava nem pra contar furos nos corpos, diz perito de massacre no RN

Detentos do presídio de Alcaçuz continuavam livres dentro dos pavilhões e ainda ocupavam os telhados da detenção na manhã desta terça - Avener Prado/Folhapress
Detentos do presídio de Alcaçuz continuavam livres dentro dos pavilhões e ainda ocupavam os telhados da detenção na manhã desta terça Imagem: Avener Prado/Folhapress

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Natal

17/01/2017 12h26

O diretor de Medicina Legal do Rio Grande do Norte, Valério Coelho, participou da equipe de perícia que foi até a penitenciária de Alcaçuz, em Natal, na manhã do domingo (15), para recolher os corpos e iniciar as investigações sobre o massacre que deixou ao menos 26 detentos mortos.

Ele conta que as agressões sofridas pelos presos mortos foram marcantes.

"O que mais chamou a atenção foi forma como eles morreram. Uma morte de arma branca, ou mesmo por arma de fogo, você imaginava duas facadas; dois, três tiros. Já vi aqui até com dez tiros. Mas lá eles foram mortos esquartejados. Tinha corpos de presos divididos em dois, três pedaços", contou.

Ele falou que sequer foi possível contar quantas agressões foram sofridas por alguns dos presos. "Sinceramente, não dava nem para contar a quantidade [de furos no corpo]. Eram mais de 20. O médico legista que vai fazer a necropsia é quem vai dizer a quantidade", afirmou.

Imagens que circularam na internet confirmam a perversidade dos presos no massacre. Em um dos vídeos, um preso ainda vivo é segurado por outros três e tem as pernas quebradas por outro com uma barra de ferro.

Outros aparecem já mortos, com várias marcas de cortes no corpo.

Segundo o diretor, três dos 26 corpos foram achados dentro da fossa do complexo. "Fizemos uma busca apurada lá dentro e todos os corpos foram retirados. Se há mais, como pode existir, é dentro da fossa. Os bombeiros é que vão dizer", relatou.

Valério Coelho ainda conta que, durante a visita ao presídio, os detentos não fizeram qualquer ameaça. "Eles estavam comportados, sob controle, sem manifestações", concluiu.