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Polícia controla motim em presídio de MG; repórter é agredida

Repórter foi vítima de uma agressão enquanto falava, ao vivo, sobre a rebelião - Lincon Zarbiettio/"O Tempo"/Esatdão Conteúdo
Repórter foi vítima de uma agressão enquanto falava, ao vivo, sobre a rebelião Imagem: Lincon Zarbiettio/"O Tempo"/Esatdão Conteúdo

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

17/01/2017 09h31Atualizada em 17/01/2017 16h53

A rebelião de detentos em três pavilhões da Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, que teve início na noite desta segunda-feira (16), foi encerrada no início da manhã desta terça-feira (17), sem o registro de mortos e feridos. Os presos protestavam e pediam a saída do recém-nomeado diretor do presídio.

De acordo com a PM (Polícia Militar), o motim foi controlado por volta de 1h30 e envolveu cerca de 1.200 detentos.

Ainda de acordo com a corporação, os presos tentaram sem sucesso sair das celas. Com isso, atearam fogo em colchões para protestar contra mudanças na direção do presídio.

Durante o motim, a repórter Larissa Carvalho, da GloboNews, foi vítima de uma agressão enquanto falava, ao vivo, na frente do presídio. Pelo relato que a jornalista fazia no momento em que foi empurrada, supõe-se que foi uma parente de preso que a atacou.

A retomada dos três pavilhões que se rebelaram foi feita pelo Corpo de Bombeiros, que apagou o fogo, e pelos agentes do Grupo de Intervenção Rápida e do Comando de Operações Especiais. Não foi necessária a entrada da tropa de choque da PM, que deslocou cerca de 200 policiais para o local.

A PM informou que pelo fato de não ter havido fuga de presos, evitou-se um cenário que poderia ser trágico.

"Os presos permaneceram detidos, sem tomar os prédios. Então botaram fogo nos colchões e jogaram nos pátios. Depredaram algumas celas, mas nada significativo", disse o tenente-coronel Evandro Borges, que coordenou as operações.

Do lado de fora do presídio, era possível ver nuvens de fumaça subindo e ouvir bombas de efeito moral enquanto os pavilhões eram retomados. Na portaria, familiares dos presos passaram momentos de angústia enquanto esperavam notícias sobre o andamento da operação.

“Os [presos] que perderam algumas mordomias, se organizaram internamente e iniciaram esse motim. A tentativa de derrubar a nova direção, no entanto, saiu pela culatra”, disse Borges.

Em um vídeo que circula na internet, presos com o rosto coberto criticam o diretor da unidade prisional, Rodrigo Machado, pedem mudanças nos horários de visitas e ameaçam matar outros detentos se as reivindicações não foram cumpridas.

Machado foi mantido no cargo pela Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais.

A expectativa agora é que os líderes da rebelião sejam transferidos para outros presídios nos próximos dias.

Presos são transferidos

Horas após o fim da rebelião desta madrugada, a Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais identificou 20 detentos que lideraram o motim. Esses 20 presos estão isolados e serão transferidos nos próximos dias para unidades do sistema prisional em municípios do interior do Estado. De acordo com a Secretaria, as transferências são para retomar a situação dentro da unidade. 

“A partir de critérios técnicos e identificação de algumas lideranças, foi feito isolamento desses presos, que serão transferidos para outras unidades, preservando a integridade física dos mesmos e tentando buscar a retomada de um ambiente harmônico dentro da unidade”, afirmou o secretário de Administração Prisional, Robson Lucas Silva.