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Com greve de PM, policial civil tenta evitar assalto e morre no interior do ES

Carro da PM estacionado em frente a destacamento no bairro Jardim Penha, em Vitória - Gilson Borba/UOL
Carro da PM estacionado em frente a destacamento no bairro Jardim Penha, em Vitória Imagem: Gilson Borba/UOL

Daniela Garcia e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

07/02/2017 22h14

Com ausência de PM nas ruas, um policial civil tentou evitar um roubo de motocicleta e morreu durante troca de tiros nesta terça-feira (7) em Colatina, no interior do Espírito Santo.

De acordo com o Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) do Estado, Mário Marcelo de Albuquerque levou um tirou no abdômen e chegou já sem vida no Hospital São Bernardo da cidade capixaba.

Este é o primeiro policial morto desde que se instalou uma onda de insegurança no Estado, com a paralisação das atividades da Polícia Militar.
  
Segundo informações do sindicato, Albuquerque estava a trabalho na região de Colatina para fazer diligências da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Vitória.
 
Acompanhado do colega Rogério Pereira, decidiu parar o carro, por volta das 18h, ao ver que dois homens armados tentavam roubar uma motocicleta.
 
Jorge Emílio Leal, presidente do Sindpol, afirma que houve troca de tiros entre os policiais e os supostos assaltantes. O policial que acompanhava Albuquerque diz que ele teria sido vítima de uma bala no abdômen disparada por um dos suspeitos. Os homens teriam fugido após o confronto.
 
O presidente do Sindpol diz que qualquer policial civil tem o dever de atuar em situações de flagrante. "Só que com essa crise instalada no Estado, os policiais estão fragilizados. Os criminosos têm consciência de que não há policiamento nas ruas."
 

Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais

Desde então, sem patrulhamento nas ruas, uma onda de violência tomou diversas cidades. 

A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles.

A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. De acordo com o cabo Thiago Bicalho, do 7º Batalhão da Polícia Militar do Estado e diretor Social e de Relações Públicas da associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, as negociações sobre salários e condições de trabalho de policiais serão feitas apenas quando o patrulhamento na rua for retomado e a situação estiver controlada.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse nesta segunda (6) em Vitória que militares das Forças Armadas ficarão no Espírito Santo durante o "tempo necessário" para que a ordem no Estado seja restabelecida.