"Situações vexatórias", diz secretário de Segurança do ES sobre PMs parados
A onda de criminalidade pela falta de policiamento nos Espírito Santo tem gerado "situações vexatórias", segundo o secretário de Segurança do Estado, André Garcia. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (7), ele negou não esteja aberto ao diálogo, uma "versão mentirosa" dos fatos que daria suporte à "chantagem de um movimento que coloca a população em uma posição de submissão à bandidagem".
Para Garcia, os bloqueios feitos por familiares de policiais na frente de quartéis e batalhões são ridículas. "Gatos pingados que não deixam os soldados saírem". Ele acredita que isso passa a impressão de que "qualquer grupo que hoje se organize bota duas cadeiras de plástico na porta do quartel, e a Polícia Militar estaria imobilizada”.
O secretário também diz que está aberto ao diálogo com os manifestantes. “Desde sexta-feira (3), tenho recebido grupos de mulheres pelo menos quatro vezes. Ontem à noite, eu estava conversando com um advogado que representa outro grupo de mulheres”.
Sua versão é rebatida pelo presidente da ACS (Associação de Cabos e Soldados) da Polícia Militar do Espírito Santo, sargento Renato Martins. “Ele [secretário] se comprometeu a receber as mulheres na segunda (6). No domingo (5), ele passou a considerar o movimento ilegal”, disse ao UOL, ressaltando que grupos tentam interceder para melhorar o diálogo.
De acordo com o secretário, hoje cerca de 500 policiais militares estão trabalhando no Estado, que possui cerca de 10 mil, segundo as associações da categoria. Garcia espera que mais policiais se apresentem para o trabalho amanhã.
No entanto, nesta terça, durante mais de seis horas a reportagem do UOL circulou por Vitória e cruzou com apenas um policial militar trabalhando.
“500 policiais para o Estado do Espírito Santo todo não tem visibilidade”, disse o comandante da PM, coronel Nilton Rodrigues, que informou que eles estavam fazendo o trabalho de patrulha ostensiva a pé. Normalmente, são 2 mil agentes que fazem o policiamento por dia apenas na Grande Vitória.
Segundo Rodrigues, foi determinado, nesta terça, que a chamada para verificar os policiais que se apresentaram para o trabalho fosse feita fora dos batalhões, mas no local do policiamento. “O policial não precisa entrar no batalhão para responder uma escala”.
Isso faz com que o policial não tenha mais a chance de ser conivente. “Se ele for, ele não comparece mais no local de chamada da sua escala”.
Clima de feriado
A presença de militares e da Força Nacional não foi suficiente para encorajar os moradores de Vitória e da região metropolitana a retomarem a rotina.
Com a PM nos quartéis e batalhões, a maioria das ruas permaneciam vazias e o comércio, fechado no começo da manhã desta terça, em uma espécie de feriado forçado.
Ao menos 250 integrantes das Forças Armadas já estão no Espírito Santo, segundo o comando do Exército na região. A expectativa é de que mais 1.000 cheguem, ainda hoje, ao Estado, disse o secretário de Segurança Pública capixaba, André Garcia.
Entenda a crise no Espírito Santo
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais. Desde então, sem patrulhamento nas ruas, uma onda de violência tomou diversas cidades.
A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.
A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. De acordo com o cabo Thiago Bicalho, do 7º Batalhão da Polícia Militar do Estado e diretor Social e de Relações Públicas da associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, as negociações sobre salários e condições de trabalho de policiais serão feitas apenas quando o patrulhamento na rua for retomado e a situação estiver controlada.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse, na segunda (6), que militares das Forças Armadas ficarão no Espírito Santo durante o "tempo necessário" para que a ordem no Estado seja restabelecida.
*Colaborou Nathan Lopes, do UOL, em São Paulo
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