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'Seremos intolerantes', diz general do Exército sobre ação de tropas no ES

7.fev.2017 - Soldados comparecem ao local onde manifestantes contrários à paralisação da Polícia Militar realizaram um protesto em frente a quartel da PM em Vitória - Wilton Junior/Estadão Conteúdo
7.fev.2017 - Soldados comparecem ao local onde manifestantes contrários à paralisação da Polícia Militar realizaram um protesto em frente a quartel da PM em Vitória Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/02/2017 09h17Atualizada em 08/02/2017 15h40

O general Mauro Sinott, comandante das tropas do Exército enviadas ao Espírito Santo, afirmou que homens das Forças Armadas no Estado vão agir com rigor na tentativa de combater a onda de violência que tomou conta do Estado com a greve dos policiais militares.

“Seremos intolerantes com qualquer situação que comprometa a segurança da tropa”, disse à Record TV na manhã desta quarta-feira (8). O Estado capixaba vive uma crise de segurança pública desde sábado, dia 4, quando parentes dos PMs passaram a impedir o trabalho das tropas.

Na tarde de ontem, militares tiveram de conter manifestações entre grupos contrários e apoiadores do movimento que impede o policiamento das cidades capixabas. O Estado está sem policiamento desde sábado, o que tem gerado onda de assaltos, arrastões e saques. Mais de 80 homicídios já foram registrados no Espírito Santo em cinco dias.

Segundo o general, o Exército também será intolerante com “o desacato e o desrespeito” às tropas. “Esperamos a compreensão e a cooperação das pessoas”.

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Experiência

Sinott lembrou que os militares que estão no Espírito Santo têm experiência na atuação pela garantia “da lei e da ordem”, tendo participado da segurança nos Jogos Olímpicos e na pacificação do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

Ao menos 1.000 militares estão no Espírito Santo. De acordo com o general, nos horários críticos, “todo o efetivo é empregado”, o que teria acontecido até as 3h desta quarta.

Segundo Sinott, os capixabas já podem voltar às ruas. “A melhor contribuição que a população pode dar é retornar às suas atividades normais. Segurança é uma questão de sensação de segurança. Evidentemente, não saímos do caos em um minuto para a situação ideal”.

O efetivo das Forças Armadas é de cerca de 10% do número de policiais capixabas. Com base nessa comparação, Sinott avalia que “é evidente que nós não seremos onipresentes no Estado”.

O general diz que a prioridade é o patrulhamento nas áreas de maior circulação. “Entendemos assim, de acordo com o pedido da própria  Secretaria de Segurança, que é a demanda maior”. Apesar disso, comércios seguem fechados. “É uma opção do próprio comerciante”, diz Sinott.

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Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.