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Roubo e furto de veículos superam média mensal no ES, diz sindicato

7.fev.2017 - Homem atira pedra em supermercado em Vitória. Estado do ES vive crise de segurança pública com "greve branca" de policiais militares - AP Photo/Diego Herculano
7.fev.2017 - Homem atira pedra em supermercado em Vitória. Estado do ES vive crise de segurança pública com "greve branca" de policiais militares Imagem: AP Photo/Diego Herculano

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

10/02/2017 16h20Atualizada em 10/02/2017 18h45

Um total de 666 veículos foi roubado ou furtado em uma semana no Espírito Santo, segundo o Sindipol-ES (Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo). Os dados levam em consideração esses tipos de crime ocorridos entre o dia 4 de fevereiro, quando começou o movimento de familiares que paralisou as atividades da Polícia Militar do Estado, até esta sexta-feira (10). Os números não são oficiais, já que o governo do Estado não tem divulgado estatísticas atualizadas.

Ainda segundo o sindicato, a média mensal de ocorrências relacionadas a roubo e furto de veículos é de 550. Procurada pelo UOL para informar os números oficiais desse tipo de crime, a Polícia Civil capixaba disse que as estatísticas ainda não foram divulgadas pela secretaria estadual de Segurança Pública.

Na quinta-feira (9), a Polícia Civil informou que houve o registro de 112 assassinatos desde o último sábado (4). Foi a primeira vez desde o início da crise na segurança pública que o governo deu informações oficiais em relação aos homicídios.

A onda de insegurança tomou o Estado capixaba desde que familiares dos policiais militares passaram a fazer motins em frente aos quartéis, impedindo a atuação da Polícia Militar.

Após quase 11 horas de negociação, a reunião entre representantes do governo do Espírito Santo e dos policiais militares e seus familiares terminou na madrugada de hoje sem um acordo. Perto das 2h da madrugada, o secretário de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, disse aos jornalistas que não será dado aumento imediato para a categoria nem anistia e que uma contraproposta do governo foi apresentada ao grupo com validade até as 6h desta sexta, sob pena de que policiais e familiares venham a sofrer "consequências" pela paralisação.

Horas depois, o governo estadual indiciou ao menos 703 policiais militares por participação no movimento que deixou o Estado sem policiamento. Entre eles estão cabos, soldados e subtenentes. O número corresponde a mais de 7% dos 10 mil PMs que compõem o efetivo da força no Estado. Eles terão o ponto cortado a partir do início da paralisação, há uma semana, e não irão receber as férias, segundo o comandante da PM, coronel Nylton Rodrigues. Segundo o coronel, o número de indiciamentos deve crescer.

Ao UOL, a ASC (Associação dos Cabos e Soldados) da PM capixaba disse que irá se reunir para decidir o que fazer e, novamente, negou participação direta na paralisação. "Ficou bem claro nas negociações que esse movimento não é das associações, é das mulheres. Quem negocia são as mulheres, não os PMs. As associações participaram ontem intermediando a negociação", comentou o cabo Thiago Bicalho, diretor de Relações Públicas da ASC.

Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

Desde segunda-feira (6), o movimento é considerado ilegal pela Justiça do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é proibido pela Constituição. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.

Na noite de quarta-feira (8), integrantes do governo reuniram-se com representantes do movimento de familiares, que apresentou uma pauta de reivindicações --anistia geral para todos os policiais e 100% de aumento para toda a categoria-- e uma nova reunião, com a presença do governador César Calnago (PSDB), foi marcada para esta quinta-feira.

Em função da morte de um agente, os policiais civis também paralisaram os seus serviços na quarta. Eles devem decidir se entrarão em greve hoje, em assembleia conjunta com os agentes penitenciários.

Os ônibus também não circulam regularmente na Grande Vitória desde o início desta semana. Nesta quinta, a categoria decidiu que não voltará ao trabalho enquanto a polícia não retornar as ruas. A decisão aconteceu após o assassinato do presidente do Sindirodoviários (Sindicato dos Rodoviários) de Guarapari (ES).