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Não vamos sair do ES antes que a normalidade se restabeleça, diz ministro da Defesa

Do UOL, em São Paulo

11/02/2017 15h48Atualizada em 11/02/2017 17h20

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse neste sábado (11) que as autoridades federais que estão no Espírito Santo não deixarão o Estado até que a normalidade se restabeleça e a Polícia Militar volte às ruas. Segundo ele, sete cidades do sul do Estado já possuem cobertura militar adequada, e forças militares foram enviadas para a região norte.

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, disse que não haverá anistia aos policiais. "Aqueles que, porventura, imaginam que terão qualquer tipo de iniciativa na linha de anistia no Congresso Nacional, de obter anistia para os amotinados, eu quero deixar claro que não terá a menor possibilidade de apoio base política do presidente Michel Temer. É importante deixar claro porque existem movimentações iludindo pessoas que estão em greve como se fossem assim: aconteceu a greve e não vai nenhuma tipo de penalização", disse Imbassahy.

Jungmann voltou a insistir em seu apelo para que os PMs encerrem a greve, que já entrou no oitavo dia. O ministro ofereceu os quartéis para abastecimento das unidades policiais que voltarem ao trabalho, e disse que qualquer policial que precisar dormir nas instituições militares terão lugar garantido para o descanso.

Em pronunciamento em Vitória pela segunda vez neste sábado, o ministro da Defesa chamou a greve de "ilegal" e mandou um recado para familiares dos PMs grevistas, incluindo mulheres e mães de policiais, pedindo que elas lembrem que há vidas em risco e que a legitimidade de qualquer reivindicação tem limites. Jungmann afirmou que esta alternativa não levará a lugar algum, que o único caminho é achar uma saída negociada.

Jungmann e Imbassahy falaram com a imprensa acompanhado do governador em exercício do ES, César Colnago, do general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ministros do Gabinete de Segurança Institucional, e de José Levi do Amaral, secretário executivo da Justiça. Todos adotaram o mesmo discurso de que insistirão em uma saída negociada e fizeram o apelo para que os policiais retornem ao trabalho.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que está no Estado, divulgou uma nota na tarde deste sábado na qual anuncia a possibilidade de postular a federalização de crimes, como o de motim. A Procuradoria-Geral da República menciona "o grave comprometimento da ordem pública" em virtude das mortes, falta de transporte público, fechamento de órgãos públicos e comércio, "além do impasse gerado pela manutenção da paralisação e aquartelamento das forças estaduais"

Em relação à mobilização de policiais militares em outros estados, Jungmann disse que o governo está acompanhando mais de perto a situação do Rio de Janeiro. "Eu tive a informação de que 97% do efetivo está na rua. O Rio de Janeiro está sob controle. Nós temos prontidão para qualquer eventualidade no Rio de Janeiro", disse.

Na noite de sexta-feira (11), o governo do Espírito Santo havia anunciado um acordo com associações que representam os policiais. O acordo previa a volta ao trabalho até as 7h de hoje, sem punições aos grevistas.

Os policiais militares, no entanto, mantiveram a paralisação. O ministro disse que o cabe ao governo estadual conduzir as negociações com os policiais. “Cabe ao governo do estado a coordenação das ações. Vamos dar apoio às decisões do governo do Estado.”

O ministro voltou a afirmar que 3.130 homens da Força Nacional e das Forças Armadas foram enviados ao Espírito Santo, o que, segundo ele, proporcionaria um policiamento maior do que em dias normais. Ainda de acordo com Jungamann, as tropas ficarão no Estado pelo tempo necessário.

Os policiais que não retomaram as atividades estão sujeitos a indiciamento pelo crime militar de revolta, que leva a expulsão do militar e prevê pena de 8 a 20 anos de prisão. Setecentos e três policiais foram indiciados por revolta até ontem.

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Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicavam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

Na segunda-feira (6), o movimento foi considerado ilegal pela Justiça do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é proibido pela Constituição para militares. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

Ao longo de todo o movimento, a ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirmou não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A Sesp-ES (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.