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Vamos pedir a exumação do corpo de João Victor, diz advogado da família

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

08/03/2017 14h14Atualizada em 08/03/2017 15h28

Mesmo com o resultado do laudo do IML (Instituto Médico Legal), familiares de João Victor Carvalho, 13, vão pedir a exumação do corpo do adolescente. O garoto teve um mal súbito no dia 26 de fevereiro depois de ser perseguido por funcionários de uma unidade do Habib's na zona norte de São Paulo. Ele foi socorrido, mas morreu a caminho do hospital.

Segundo laudo divulgado nesta terça (8), a causa da morte foi um infarto provocado por ingestão de lança-perfume. O advogado da família, Francisco Carlos da Silva, disse que os parentes do garoto contestam o laudo e acreditam que as agressões sofridas por ele contribuíram para sua morte. Segundo Silva, o resultado da perícia do IML é “apenas um laudo”. Com a exumação, a família quer uma contraprova.

“Vamos requerer ao delegado o pedido de exumação. Se, por ventura, ele negar [achar que não é necessário devido ao resultado oficial do primeiro], a gente vai pedir em juízo, alegando que houve nexo de causalidade: se ele não tivesse sido agredido, ele estaria morto? Quero respostas como esta da [nova] perícia”, afirmou.

“Não é a primeira vez e nem a última que laudos são feitos e depois se faz outro laudo. Em alguns casos, as informações do novo laudo diferem completamente da primeira versão”, disse o advogado.

A Polícia Civil investiga a conduta dos funcionários do restaurante, que são suspeitos de agredir João Vitor. Em depoimento, eles disseram à polícia que o garoto ameaçou clientes e outras pessoas que trabalhavam na unidade. Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que o garoto foi carregado por seguranças. 

Para o advogado, o fato de duas testemunhas terem dito à polícia que viram João Victor ser agredido por seguranças não pode ser descartado. A polícia continua investigando o caso.

Por meio de nota, o Habib’s informou que, mesmo com o resultado do laudo, a empresa manterá os funcionários envolvidos no caso afastados e que, após apurações finais, tomará medidas cabíveis e emitirá um novo comunicado.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informou que funcionários do estabelecimento já prestaram depoimento e que mais pessoas estão sendo intimadas. Até o momento, não há uma posição da polícia sobre o pedido de exumação do corpo.

Entenda o caso

No último dia 26, domingo de Carnaval, João Victor teve um mal súbito depois de ser perseguido por funcionários do Habib's, 

De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado às 4h50 de segunda (27), a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de "agressão" no restaurante.

Chegando ao local, os policiais nada encontraram, mas funcionários da unidade informaram que o adolescente estava "importunando os clientes, inclusive com um pedaço de madeira", segundo o BO. Ao ser repreendido, o menino "saiu correndo e, neste instante, teve um mal súbito", ainda conforme relatos das testemunhas. 

Uma vizinha da família, que prestou depoimento na quarta-feira (1º), afirmou ter visto quando João Victor foi agredido por dois funcionários da lanchonete.

"O segurança pegou João Victor pelo pescoço desferindo um violento soco contra sua cabeça", relata o documento. "No caminho, a poucos metros do Habib's, sendo segurado pelo gerente e pelo segurança, João Victor desmaiou". A testemunha se aproximou e percebeu que o menino estava "espumando" pela boca, inconsciente, segundo seu relatou à polícia.

Uma equipe do Samu o socorreu, mas, antes de chegar no pronto-socorro do hospital Mandaqui, ele teve uma parada respiratória e morreu.