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"Perdi meu filho por causa de um celular", diz pai de jovem morto a caminho de DP após assalto

A caminho de delegacia, família de rapaz foi atacada a tiros após encontrar criminosos - Arquivo Pessoal
A caminho de delegacia, família de rapaz foi atacada a tiros após encontrar criminosos Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

20/04/2017 17h43Atualizada em 20/04/2017 20h07

A família do jovem Wendell de Arruda Vasconcelos, 20, morto com um tiro na cabeça enquanto acompanhava o pai e o irmão mais novo até a delegacia para registrar o roubo de um aparelho celular, no bairro de Cabuçu, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, disse que vai pedir proteção à polícia. O pai dos meninos, Luiz Carlos Rodrigues Vasconcelos, 49, contou que após a morte do filho, carros estranhos rondam a casa dele na Baixada Fluminense.

“O atirador conhecia meu filho. Wendel trabalhou na lanchonete da família dele entregando lanche. Não sei por qual motivo roubava. Não tinha necessidade. A família dava tudo para ele. E como eu fico agora? Perdi meu filho por causa de um celular! Eduquei meu rapaz por 20 anos e ele foi embora agora por causa de um telefone. Não me conformo”, disse emocionado o pai do jovem.
 
O crime aconteceu na manhã da última quarta-feira (19). O filho caçula da família, de 14 anos, ia para escola a pé quando teve o celular roubado por dois homens em uma moto. Ao retornar para a casa, a família decidiu ir até a delegacia para realizar um boletim de ocorrência. 
 
No caminho, ao passar pelo local do roubo, os assaltantes ainda estavam no mesmo lugar. A vítima, que estava dentro do carro com o irmão e o pai, foi reconhecida pelos assaltantes. Um deles atirou contra o veículo. O pai dos meninos arrancou com o carro e conseguiu fugir. No entanto, em outra rua, eles se encontraram novamente. Dessa vez, apenas um criminoso estava na moto. Ao observar o carro, ele realizou vários disparos.
 
“Wendel foi atingido na cabeça. Eu me feri na boca, na orelha e no braço e já deixei o hospital para ver meu filho no IML [Instituto Médico Legal], liberar o corpo e providenciar o enterro. Quero saber o que vai acontecer com os bandidos agora! Vão ficar só três meses presos?”, questionou Vasconcelos.
 
Wendel chegou a ser levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, mas morreu. Ele foi enterrado na tarde desta quinta-feira (20) no cemitério de Olinda em Nilópolis, também na baixada. 
 
Um dos assaltantes foi preso pela delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Kaio Felippe Francisco Monteiro, 20, vai responder por roubo e posse ilegal de munição de uso restrito. Já o segundo assaltante foi identificado como Márcio Moura de Araújo, de 18 anos. Ele está foragido. A moto e a arma de fogo usadas na ação foram apreendidas. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado, além do crime de roubo.