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Ordem de invadir e atacar partiu de presídios de fora do Estado, diz polícia do Rio

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Imagem: Reprodução

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

02/05/2017 17h58Atualizada em 02/05/2017 19h51

A ordem para invadir a favela Cidade Alta, em Cordovil, na zona norte do Rio de Janeiro, e os posteriores ataques a ônibus e caminhões pela cidade vieram de traficantes do Comando Vermelho detidos em presídios federais de segurança máxima fora do Estado. De acordo com o chefe de Polícia Civil do Rio, Carlos Leba, não é possível divulgar o nome dos traficantes envolvidos para não prejudicar as investigações.

"Temos a confirmação que a ordem partiu desses chefes do Comando Vermelho, presos fora do Rio. Oito grupos de vários pontos do Estado participaram dessa tentativa de retomada das favelas", afirmou Leba.

Entre os traficantes que participaram do ataque estão criminosos dos morros do Borel, Formiga, Penha, Kelson's e Vila Cruzeiro, todos na zona norte do Rio; de todas as favelas de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e da favela do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana.

Ao todo, 45 criminosos foram presos e 32 fuzis, quatro pistolas e 11 granadas apreendidos. Outros dois suspeitos foram mortos em confronto com a polícia no começo da manhã e nove ônibus e dois caminhões incendiados.

De acordo com o secretário de segurança, Roberto Sá, os presos foram encaminhados direto para presídios e serão ouvidos por videoconferência devido a sua periculosidade.

Em coletiva, Sá fez questão de ressaltar o ineditismo da apreensão de tantos fuzis em apenas uma operação e ficou contrariado ao ser questionado sobre possíveis erros da inteligência da polícia -- a PM cercou o morro depois de moradores ligarem durante a madrugada denunciando uma "guerra entre facções".

"Por favor, não se pode agora diminuir uma ação exitosa da polícia, que evitou um banho de sangue e prendeu um monte de pessoas", afirmou Sá.

Ele minimizou os ataques ocorridos na cidade e fez questão de ressaltar a importância das prisões e apreensões. “Não estamos tratando como corriqueiros os vandalismos ocorridos (queima de ônibus), mas isso não é mais importante para a sociedade que as prisões que a Polícia Militar realizou.”

Após os ataques, moradores, entre eles, mulheres e crianças, fizeram saques a caminhões. Com bloqueios de trânsito em vias importantes do Rio, a cidade entrou em estágio de atenção. Mais de 5.800 alunos da rede municipal ficaram sem aula nesta terça.
 
Durante a manhã e a madrugada desta terça, moradores da Cidade Alta ficaram reféns do intenso tiroteio na comunidade. Após a chegada de batalhões da polícia, ao menos dois suspeitos morreram.