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Pai faz aula de balé com a filha por mais tempo com ela e sofre críticas

Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

10/05/2017 13h13

Com uma rotina atribulada, o educador físico e bailarino Raphael Najan, de 33 anos, encontrou uma forma de passar mais tempo com a filha Luana, de 9: participar das aulas de balé dela. O que ele não esperava é que o gesto de carinho com a menina fosse ser alvo de críticas e ofensas nas redes sociais após repercussão de uma reportagem do site do Estadão.

“Eu fico pensando por que uma pessoa se dá ao trabalho de criar um perfil fake só para poder fazer esse tipo de crítica. Mas é o ser humano, né? As pessoas cobram tanto que haja mudanças na sociedade, mas elas mesmas continuam destilando preconceito”, diz Raphael.

Raphael Najan, de 33 anos, encontrou uma forma de passar mais tempo com a filha Luana, de 9: participar das aulas de balé dela - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Najan vê um bom futuro para a filha, se ela quiser levar o balé como carreira
Imagem: Arquivo Pessoal

O preconceito contra a dança, diz ele, começou junto com suas próprias aulas de balé e vieram do seu próprio pai, que só foi aceitar a escolha de Raphael quando a dança começou a lhe garantir sustento. Hoje, o bailarino e ator acompanha a cantora Preta Gil, participa de musicais, faz diversas apresentações no exterior e pelo Brasil, dá aula em acadademia como personal trainner e passa pouco tempo em casa.

Assim, estar presente nas aulas da filha foi a forma que ele encontrou de passar mais tempo com ela. “Faço pelo menos uma barra, ou às vezes faço um centro. Como danço na mesma academia que ela, tenho abertura maior com os professores para ficar junto com ela. É só uma forma de fazer junto”, conta.

Se dependesse dele, o filho menor, Miguel, de seis anos, também faria balé. Mas o menino, que faz breakdance em casa, rejeitou a ideia, talvez já influenciado pelo preconceito que cisma em estar presente até nas escolas. “Uma vez falaram que o pai dele era bailarino e ele ficou bravo, respondeu que não, que o pai dele dançava”, lembra Raphael. “Fica a briga dos pais contra sociedade, contra a escola que diz que balé é coisa de menina, que se veste de rosa.”

Já Luana adora a dança, e, pela opinião do pai coruja, tem tudo para ser excelente bailarina. “Eu vou te falar que ela pegou tudo aquilo que eu não tenho. Eu não sou bailarino clássico. Mas ela tem todo o perfil de que se continuar, vai seguir a linha clássica. Ela tem o corpo de uma bailarina, a postura, os pés.”