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Mãe perdoa erro médico que fez bebê ter dedos amputados: "Quero ele bem"

Reprodução
Imagem: Reprodução

Patrick Mesquita

Colaboração para o UOL

03/06/2017 04h00

A vida de Maria Helena de Oliveira Campos, de 37 anos, mudou completamente desde que médicos de um pronto-socorro em São Bernardo do Campo (SP) erraram um procedimento e fizeram com que o seu filho, Gabriel, de apenas um mês e vinte dias, ficasse com o braço quase completamente roxo. A criança perdeu a ponta de três dedos e corre risco de mais amputações.

O bebê, que foi transferido para o hospital Mário Covas, em Santo André, após o ocorrido, passa bem, mas ainda não tem qualquer previsão de alta. Triste com toda a situação, Maria Helena lamenta que um momento tão especial como o de ser mãe pela terceira vez se transformou em um pesadelo.

“Estou passando minha licença maternidade aqui. É muito sofrido. Tenho uma filha de sete anos que fica em casa, chorando. Tenho que ficar aqui para amamentá-lo. Vai fazer diferença demais na vida dele (não ter todos os dedos). Penso quando ele olhar para as irmãs e perguntar por que ele não tem os dedos, quando ele for para a escola e ver que os amiguinhos têm a mão inteira e ele não”, conta ao UOL.

Apesar do momento de dificuldade, Maria Helena diz perdoar os envolvidos no erro de procedimento médico e afirmou que algumas pessoas compareceram ao hospital para prestar solidariedade e pedir desculpas. Ela ainda diz que não sabe se irá processar o pronto-socorro pelo fato, já que ainda não parou para pensar em tudo o que aconteceu e está preocupada apenas com a saúde do bebê.

“Eu ainda não sei se vou (processar). Nem cheguei a pensar nisso e quero que ele fique bem. Veio uma médica aqui, que estava de plantão no dia, mas não estava envolvida no caso. Também veio outra pessoa em nome do hospital para me pedir desculpa. Temos que perdoar, mesmo sendo complicado”, conta.

De acordo com Maria Helena, os médicos disseram que o bebê apresentou melhora, mas ainda é muito cedo para antecipar qualquer situação. A única certeza é que o braço inteiro não corre mais risco de ser amputado, como poderia acontecer anteriormente. A mãe, no entanto, ainda tem dúvidas sobre o que realmente aconteceu com o filho.

“Ele está bem, mas braço ainda não está. Está muito feio e bem roxo. A mão ainda está meio preta, mas ele não corre risco de perder o braço. A ponta de três dedos ele já perdeu e pode perder dos outros dois. O polegar e o indicador estão bem feios. Os médicos dizem que o pulso já está voltando, mas é complicado”, detalha.

“Tenho dúvidas sobre o que realmente aconteceu. Eles falam que foi porque pegaram uma veia de forma errada. Mas eu acho estranho. Ele ficou com o acesso por mais de 24 horas. Falaram que ele estava com pneumonia e precisava de um antibiótico”, completa.

O caso

Gabriel, de 1 mês, pode ter o braço amputado - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Gabriel deu entrada no pronto-socorro de São Bernardo no dia 8 de maio, com uma possível pneumonia. Os funcionários do local colocaram um acesso na artéria do garoto para medicação, mas algo estranho aconteceu e o braço esquerdo da criança ficou completamente roxo, causando a perda das pontas de três dedos.

O bebê foi transferido para a UTI do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, no dia 12 de maio, onde está até hoje.

Em nota enviada ao UOL, a Secretaria de Saúde da cidade lamenta o ocorrido com o garoto e afirmou que demitiu duas enfermeiras e outros profissionais. O órgão diz prestar todo o apoio possível para a família, como o apoio de assistentes sociais.

Veja, na íntegra, o comunicado:

A Secretaria de Saúde lamenta profundamente o ocorrido com o paciente Gabriel Oliveira Campos, admitindo que o erro humano foi grave. Ressalta, que, de imediato, novas medidas cautelares, no atendimento médico, estão sendo providenciadas para que não se registrem outras ocorrências. O município conta com 8.700 profissionais do setor da Saúde, que estão em constante treinamento para melhorar a qualidade do serviço ofertado.

Salienta também que o caso está sendo tratado de maneira minuciosa, por meio de sindicância interna da Administração municipal, para que todos os fatos do quadro médico sejam trazidos à tona. Até o momento, duas enfermeiras foram demitidas e os outros profissionais prestaram esclarecimentos em torno de todo o caso.

Após adoção de todas as medidas médicas com o paciente, a Secretaria pediu pela transferência da criança, para avaliação cirúrgica no Hospital Mário Covas. Onde ele segue internado e apresentando melhora do quadro.

O município está prestando todo o apoio à família do Gabriel. Assistentes sociais e a coordenadora do departamento de pediatria do Hospital Pronto Socorro Central estão visitando a criança e prestando todo auxílio ao Gabriel e toda a família.