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PM prende 2 traficantes na cracolândia, em SP; barracas são removidas de praça

Governo Federal destina R$ 25 milhões para o 'Redenção'

Band News

Do UOL, em São Paulo

11/06/2017 07h28Atualizada em 11/06/2017 14h46

Equipes da PM (Polícia Militar) realizaram uma nova operação na região da cracolândia, no centro de São Paulo, neste domingo (11). A ação aconteceu na praça Princesa Isabel e teve como alvo o "combate ao tráfico de entorpecentes", segundo a PM. “Hoje foi feito um trabalho importante. Dois traficantes foram presos, drogas foram apreendidas”, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve no local ao lado do prefeito paulistano João Doria, seu colega de partido.

Em nota, a prefeitura disse que "o objetivo da ação era a retirada das tendas e barracas que estavam sendo utilizadas pelo tráfico". Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", à tarde, usuários haviam reocupado a praça.

Ao menos uma pessoa teria ficado ferida com queimaduras, mas os órgãos de segurança não confirmaram a informação. O governador disse que a ação policial foi "bem planejada" e que o trabalho também é “social e médico”. “A dependência química é doença crônica, não resolve em 24 horas. Esse é um trabalho permanente.” 

Alckmin falou que as concentrações de usuários devem ser combatidas porque elas facilitam "a vida do traficante”. “Você dificulta a abordagem [do trabalho social]. Tem que ser um trabalho de tirar o traficante, prender o traficante”, declarou o tucano.

No dia 21 de maio, quando outra operação foi feita na região, Doria chegou a dizer que a cracolândia havia acabado. Desta vez, tanto Alckmin quanto o prefeito disseram que as ações contra cracolândias não têm data para terminar. Para o governador, são necessárias quatro frentes para combater o problema: saúde pública, área social, segurança e a revitalização da região.

Policias vasculharam barracos montados na praça Princesa Isabel, a nova cracolândia de São Paulo - Leonardo Benassatto/Frampephoto/Estadão Conteúdo - Leonardo Benassatto/Frampephoto/Estadão Conteúdo
Policias vasculharam barracos montados na praça Princesa Isabel, a nova cracolândia de São Paulo
Imagem: Leonardo Benassatto/Frampephoto/Estadão Conteúdo

Dispersão

Em função da operação, os usuários se dispersaram novamente por ruas do centro paulistano. Assim que perceberam a movimentação policial, muitos usuários de drogas e traficantes começaram a deixar a praça em direção à estação da Luz e ao elevado João Goulart, o Minhocão, abandonando as inúmeras barracas montadas ao longo de três semanas no novo ponto de venda e consumo de crack. "Não podemos proibir as pessoas de circular", disse Doria. "O fluxo vai diminuir."

Viaturas da PM já bloqueavam as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias quando o helicóptero de corporação sobrevoou pela primeira vez a região, às 6h24. O barulho soou como mais um alarme de retirada dos acampados e mais viciados deixaram o reduto. 

Fogueiras que tinham sido acesas durante a noite para ajudar a espantar o frio --a temperatura média na capital esta noite foi de 8,7°C--, foram alimentadas pelos dependentes, e o fogo atingiu barracos e acabou se espalhando. Uma nuvem preta cobriu um cenário de lixo e miséria. A PM acionou o Corpo de Bombeiros e homens da Tropa de Choque começaram a entrar na praça usando escudos. Agentes do setor de limpeza da prefeitura foram acionados para limpar a praça e concluir a remoção dos barracos.

Segundo a prefeitura, a partir de agora, uma unidade de acolhimento passará a funcionar na praça.

Agentes de limpeza da prefeitura de São Paulo atuam no local após a operação da PM - Divulgação/Prefeitura de São Paulo - Divulgação/Prefeitura de São Paulo
Agentes de limpeza da prefeitura de São Paulo atuam no local após a ação da PM
Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

A praça Princesa Isabel tornou-se o novo epicentro da cracolândia após a ação policial do último dia 21 de maio, que dispersou usuários que ficavam na região da estação da Luz, também no centro paulistano.

Nas redes sociais, o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, criticou a ação. "Alguém acredita que isso vai resolver alguma coisa! Violência contra os irmãos na Praça Princesa Isabel".

Tráfico

Doria repetiu hoje que a ação na região da Cracolândia, no centro da capital paulista, não terá recuo. "Nem a ação policial, nem a emergencial --que é de natureza social e medicinal--, nem a urbanística, que é de recuperação das áreas. À medida em que elas forem sendo desocupadas, elas vão sendo recuperadas para que não sejam mais ocupadas nem por usuários e muito menos por traficantes", havia dito no sábado.

Ontem, ele reconheceu que os traficantes haviam voltado a ocupar parte da área. "Lamentavelmente os traficantes voltaram. Estão vendendo drogas, não apenas crack, mas também heroína, cocaína e outras drogas, ecstasy inclusive", declarou. 

Por isso, disse, a ação policial continua, tanto pelas polícias Civil e Militar quanto pela Guarda Civil Metropolitana. Segundo o prefeito, drones fazem a vigilância durante o dia e as imagens são transmitidas direto para a polícia.

Durante a ação conjunta da PM com a Prefeitura de São Paulo, a praça ficou destruída - Marcelo Gonçalves/SigmaPress/Estadão Conteúdo - Marcelo Gonçalves/SigmaPress/Estadão Conteúdo
Durante a ação conjunta da PM com a Prefeitura de São Paulo, a praça ficou destruída
Imagem: Marcelo Gonçalves/SigmaPress/Estadão Conteúdo

Doria também afirmou que, além da ação policial, os investimentos agora são na ampliação do acolhimento do projeto Redenção. "Criamos a unidade emergencial de acolhimento, que já está funcionando para abrigar 100 pessoas com dormitório, 150 pessoas para alimentação. Instalamos amplo refeitório, ampla área de convivência com TV, uma área para ginástica, exercícios", disse. Para terça, disse que haverá "cabeleireiro para as mulheres, barbeiro para os homens e muito atendimento".

Para o fim da semana que vem, ele prometeu ampliação do espaço para que 150 pessoas possam dormir e 300 se alimentarem. "E vamos criar mais duas dessas unidades emergenciais de acolhimento do projeto Redenção. Individualizando as abordagens", afirmou. Segundo o prefeito, a ideia é que "as pessoas acolhidas possam ser encaminhadas, num processo individualizado e seletivo, para o atendimento médico".

Ainda de acordo com Doria, 300 funcionários da prefeitura atuam na região central da cidade conversando com usuários e tentando convencê-los a fazerem tratamento.

(Com Estadão Conteúdo)