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Em BH, universitário vende brownies para ir a Roma e conhecer o papa

O estudante de filosofia Victor Emmanuel Cunha vende brownies para pagar passagem para se encontrar com o papa Francisco - Arte/UOL
O estudante de filosofia Victor Emmanuel Cunha vende brownies para pagar passagem para se encontrar com o papa Francisco Imagem: Arte/UOL

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

13/06/2017 04h00

Em que pese a dúvida sobre qual caminho seguirá depois de formado, o estudante de filosofia Victor Emmanuel Cunha, 23, afirmou ter certeza de que estará em evento no Vaticano no qual vai se encontrar com o papa Francisco. Para alcançar o objetivo, prepara e vende brownies em Belo Horizonte. 

Nascido em Teresina, no Piauí, o universitário reside há três anos em uma república situada no bairro Coração Eucarístico, região noroeste da capital mineira, e é integrante da Comunidade Católica Shalom, entidade espalhada pelo Brasil e por outros países que realiza eventos e difunde os ensinamentos católicos. Ele recebeu o UOL no apartamento enquanto preparava mais uma fornada de doces.

Com a ajuda de uma moradora do local, ele contou que vende os brownies entre a comunidade acadêmica da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), onde ele estuda como bolsista, e no trabalho da moça. A universidade fica no mesmo bairro onde Cunha mora.

A ideia de fazer a sobremesa surgiu como alternativa para pagar as passagens áreas, orçadas em R$ 3.000 e compradas com o cartão de crédito de um conhecido. Segundo ele, o valor foi parcelado em nove vezes.

Com o lucro obtido pela venda do doce [R$ 3 a unidade], ele paga mensalmente as prestações. Cunha calculou gastar R$ 1 em média com os ingredientes necessários para a feitura de cada um dos bolinhos. 

Brownie para o papa - Rayder Bragon/UOL - Rayder Bragon/UOL
Piauiense prepara nova fornada de doces enquanto dá entrevista ao UOL
Imagem: Rayder Bragon/UOL
O evento em Roma, conforme texto publicado no site da entidade da qual Cunha faz parte, prevê um encontro de integrantes da comunidade com o papa no início de setembro deste ano. O ato será o ponto alto da celebração dos 35 anos de fundação da Shalom. O estudante disse que vai ficar pouco mais de dez dias no exterior.

"Eu comecei a fazer os brownies em março deste ano, quando recebi o convite para ir a Roma. Eu nunca havia feito antes. Estabeleci uma meta de vender 2.000 unidades, faltam 750 para chegar a esse número", explicou o jovem, que disse ter recebido a receita de um casal de amigos.

No início, o rapaz explicou não ter gostado do resultado, mas frisou ter rapidamente encontrado o ponto considerado por ele como ideal para o bolinho. 

"Eu acreditei e está dando certo. As pessoas estão gostando muito, elogiam bastante", resumiu o estudante, que relembrou ter começado com uma média de 15 unidades vendidas por dia, de segunda a sexta-feira. Hoje, ele disse vender bem mais.

O rapaz ainda contou que pretende gastar pouco com a hospedagem no Vaticano. Várias pessoas vão dividir o aluguel de um apartamento, com valor fixado em R$ 500 para cada uma. Ele, no entanto, não soube precisar quantas pessoas vão ficar no imóvel.

"O que é do brownie é do brownie"

O universitário contou ainda ter conseguido um emprego fixo, há menos de um mês, como garçom no período da noite. Entretanto, disse que não vai abrir mão da venda dos brownies.

"A ideia é bancar a viagem toda com a venda deles. O salário que vou receber do meu emprego será usado para a minha manutenção pessoal aqui no Brasil", adiantou.

A disciplina é parte importante nesse processo. "Eu tenho uma planilha deles para a viagem a Roma. O que é do brownie é do brownie. Se eu quiser comer um, eu tiro do bolso os R$ 3 e pago. É como se fosse de outra pessoa", disse. 

"Preciso ir", explica o estudante 

Victor Cunha afirmou ter a expectativa de que o encontro com o papa vá produzir algo inédito na sua vida.

"Eu não sei se voltarei uma pessoa melhor ou diferente. Mas, com certeza, essa viagem produzirá o novo na minha vida. É um passo que vai determinar uma mudança, uma transformação. Por isso que eu preciso ir. Serão palavras cheias de significado, cheias de sentido, até para o meu futuro", avaliou.