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Filho de bicheiro e mulher policial de UPP são mortos a tiros em hotel na Barra da Tijuca

14.jun.2017 - Filho do bicheiro Piruinha e uma mulher foram assassinados em quarto do Hotel Transamérica na Barra - Fabiano Rocha/Ag. O Globo
14.jun.2017 - Filho do bicheiro Piruinha e uma mulher foram assassinados em quarto do Hotel Transamérica na Barra Imagem: Fabiano Rocha/Ag. O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

14/06/2017 11h16Atualizada em 14/06/2017 14h50

O contraventor Haylton Carlos Gomes Escafura, 37, e uma policial militar foram encontrados mortos dentro do banheiro de um quarto do Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Haylton é filho do bicheiro José Caruzzo Escafura, conhecido como Piruinha. Segundo informações da PM, dois bandidos armados invadiram o quarto do casal, no oitavo andar, e mataram os dois com tiros de pistola e fuzil no banheiro da suíte.

A mulher morta com o contraventor foi identificada como Franciene de Souza de 27 anos. Ela era policial militar da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da favela da Rocinha, zona sul. Souza estava na corporação desde  2014.

No local, segundo a PM, havia diversas cápsulas de fuzil e de pistola. Uma varredura foi feita no prédio por policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais), ainda nesta madrugada, na tentativa de localizar suspeitos, mas ninguém foi encontrado.

PM morta em hotel com filho de bicheiro - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Franciene de Souza, de 27 anos, atuava na UPP Rocinha
Imagem: Arquivo Pessoal

Segundo informações da Polícia Civil, uma perícia foi realizada e os corpos encaminhados para o Instituto Médico Legal. As investigações estão sob responsabilidade da Divisão de Homicídios. A Polícia Civil acredita que o assassinato pode ter sido motivado pela disputa de pontos de caça- níquel no Rio.
 
Procurado, o Hotel Transamérica disse que não vai se pronunciar.
 

Lavagem de dinheiro

Após ficar oito meses foragido da Justiça, Haylton foi preso em junho de 2012 durante a operação Black Ops, da Polícia Federal. Ele foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão devido a envolvimento com a máfia dos caça-níqueis do Rio. Na ocasião, a operação mobilizou a Receita Federal e a PF em 14 estados. O braço-forte da quadrilha era o Rio de Janeiro.
 
Em 2015, o contraventor foi beneficiado com o regime semiaberto, mas voltou a ser preso após a polícia descobrir que ele burlava o benefício. Mesmo assim, em janeiro deste ano, Haylton ganhou a liberdade condicional.
 
O benefício foi concedido a Haylton pela Vara de Execuções Penais. O Ministério Público foi contra o pedido de liberdade feito pela defesa do preso, alegando que ele não preenchia os requisitos previstos no Código Penal, como “comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto”. A Justiça, entretanto, discordou dos argumentos da Promotoria.
 
Para permanecer em liberdade, Haylton precisava cumprir condições como, de três em três meses, se apresentar à Justiça para comprovar ocupação lícita ou caso esteja tendo dificuldades em obtê-la, não se ausentar do Estado do Rio sem autorização judicial e “portar-se de acordo com os bons costumes”.
 
Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio informou apenas que não havia justificativa legal para indeferir a liberdade condicional do contraventor.
 
Segundo investigações da Polícia Federal, Haylton e sua quadrilha usavam a venda de carros de luxo para lavar o dinheiro da contravenção. Na época, músicos e jogadores de futebol foram monitorados pela polícia. O grupo foi acusado de contrabando, comércio ilegal de pedras preciosas, formação de quadrilha e evasão de divisas.