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Bebê baleado na barriga da mãe pode voltar a movimentar as pernas, dizem médicos

Reprodução/Tv Globo
Imagem: Reprodução/Tv Globo

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

03/07/2017 16h27Atualizada em 03/07/2017 16h35

"Espero que ele se recupere para ter ele nos meus braços". Klebson Cosme da Silva, 27, registrou nesta segunda-feira (3) o pequeno Arthur Cosme de Melo, que nasceu no último sábado (1º), em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, após a mãe, Claudineia dos Santos Melo, ser baleada na barriga e o tiro atingir o menino.

Após seu nascimento, por cesariana de emergência, os médicos descobriram que o bebê teve a coluna fraturada em duas vértebras e está paraplégico. Entretanto, o quadro não é irreversível, conforme informou o neurocirurgião e diretor do Hospital Municipal Moacir do Carmo, Eduardo França de Aguiar.

"Não avaliamos a medula ainda porque o importante é mantê-lo vivo, com respiração e alimentação. Mas, sim, ele pode voltar [a ter movimentos nas pernas]", disse o médico em entrevista nesta segunda ao lado do secretário de Saúde do município, José Carlos de Oliveira.

O estado de saúde do bebê é considerado gravíssimo. Alem da coluna, Arthur teve os dois pulmões perfurados e passou por uma drenagem no órgão assim que nasceu. Ele respira por aparelhos e está sedado.

"Como ele está sedado ainda não temos como avaliar o nível de consciência. Não há previsão [de tirar a sedação]. Nesse momento, é a luta pela vida", avaliou Aguiar.

Para o secretário, que diz ter 28 anos de experiência em hospitais, a vida do menino se deu por "um milagre". "Ele está sendo acompanhado por neurologistas e ortopedistas. O que posso dizer é que ele está paraplégico. Como ele é criança, depende de onde está a lesão. Já vi tanta coisa", afirmou o secretário.

Claudineia continua internada no Moacir do Carmo enquanto o filho está no hospital Artur Pereira Nunes, em Saracuruna, também em Caxias. Sem previsão de alta, se recuperando da cesárea e do trauma, ela não sabe da condição do filho.

"O marido pediu para ela ser avisada somente um dia antes de sair do hospital. Ela está em uma área com pacientes graves, que não podem se comunicar com ela. Ela sabe que o menino está internado em outro hospital, estável", disse a coordenadora do serviço social do hospital, Carla Ignez da Silva Martins.

Além de acompanhamento com assistentes sociais, Claudineia também tem sido avaliada por psicólogos do hospital. A psicóloga Veronica Pereira, que integra a equipe, disse que a mãe está fragilizada.

"Não dá para dizer que ela está bem. Às vezes ela chora, pergunta do filho, está preocupada. É fundamental um acompanhamento diário até para que ela esteja preparada para cuidar da saúde do filho", explicou Veronica.

Nome de rei

Klebson e Claudineia escolheram o nome do menino quando ela estava com seis meses de gestação. "Escolhemos esse nome porque é forte, nome de rei. Foi bem escolhido", disse o pai no hospital, esperando para pegar a certidão do nascimento do garoto.

Ele conseguiu visitar o filho nesses dias. Em uma das vezes, no domingo, tocou no filho. "Só de estar ao lado dele, ter um privilégio de pai e ver ele já é compensador", afirmou.

Ele e o primo da mulher Walter de Melo criticaram a falta de informações por parte dos hospitais.

"Temos poucas informações sobre o estado dela. Não falamos com o médico dela até hoje. Fizeram foto do menino e divulgaram e quando Klebson foi fazer para mostrar para a mãe da criança não deixaram. Vamos tomar providências sobre isso", afirmou Melo.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Caxias sobre as críticas, mas a pasta não havia se manifestado até esta publicação.

O caso

Claudineia estava na Favela do Lixão, no centro de Duque de Caxias, quando foi baleada. Ela foi levada para o Hospital Municipal Moacir do Carmo. Os médicos fizeram uma cesariana de emergência e, durante o procedimento, descobriram que o bebê também havia sido atingido pela bala.

O tiro atravessou o quadril de Claudineia e atingiu a criança --os pulmões foram perfurados e a coluna lesionada.

O bebê passou por duas cirurgias e, depois, foi transferido para o hospital Adão Pereira Nunes. O caso está sendo investigado pela 59ª DP, em Caxias.